quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Escapes Silenciosos




“Há momentos em que por mais que estejamos rodeados de pessoas
Nos sentimos tão solitários
Mergulhados em nosso silêncio
Alheios a vozes, sussurros ou gritos

Há momentos em que mesmo estando sozinhos
Nos sentimos tão acompanhados
Tagarelamos conosco mesmo em nosso interior
Ouvindo musicalidade em simples ruídos

Como é da natureza humana, estranhamos variações de emoções, sejam de alegria ou de tristeza
E, incapazes de aceitar o indecifrável, buscamos respostas
Corroídos por uma desnecessária curiosidade, queremos saber de onde vem essa sensação

Chegamos a desconfiar de excesso de amor próprio, ou da falta dele
Já que há momentos em que ele vem com tudo, e há outros em que nos abandona
Assim como às vezes acontece com nossa auto-suficiência

Podemos pensar também que esses sentimentos não passam de devaneios 
Ou seria a vida nos escapando, evaporando aos poucos
Perdendo-se por uma palavra, um ato, um som, um respiro...?”



By Elena Corrêa


terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Maioria das Vezes...


"Às vezes
Ou
A maioria das vezes
Valorizamos mais do que deveríamos qualquer problema que enfrentamos

Normal
Afinal, é o nosso problema, de mais ninguém

Mas, às vezes
Ou
A maioria das vezes
O desespero em tentar resolvê-lo imediatamente é tanto que acabamos esquecendo lições que acumulamos ao longo da vida
E que seriam valiosas nesse momento

Os sinais estão sempre aí, presentes
Basta estar atento e saber reconhecer o quanto de força há em nós para superar qualquer obstáculo
Exemplos de superação há muitos
E eles não existem apenas para serem admirados e para nos emocionar
É preciso assumir a iniciativa de segui-los

Se não der para ser sempre, que seja pelo menos às vezes
Ou
Quem sabe?
A maioria das vezes..."


By Elena Corrêa


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Momento de Parar


“Não estava cansado fisicamente, nem emocionalmente
Mas sentia uma necessidade incontrolável de parar

Exatamente ali, naquele ponto do caminho
Talvez a metade ou próximo ao fim do trajeto que o universo planejou para ele

Precisava sentar-se, olhar para trás e, por um momento, reciclar sua própria vivência

O tempo parecia ter começado a passar rápido demais
Ele já não tinha mais noção do quanto suas verdadeiras opções estavam sendo engolidas por uma necessidade de escolha imediata

As exigências programadas deixavam seu olhar confuso ao tentar distinguir nas pessoas suas verdadeiras essências de suas disfarçadas intenções
O tempo parecia ter começado a confundi-lo em todas as direções

Precisava sentar-se, olhar para frente e, sem contar as horas, acreditar em novas experiências

Mesmo que aquele fosse o meio ou o fim do caminho
Estava marcado para ser o ponto crucial de sua trajetória

Não havia como fugir da estranha força que o fazia parar
Porque era ali que ele se revigoraria física e emocionalmente para seguir em frente
Seja lá até onde ela ainda o levasse”


By Elena Corrêa


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Viciados Em Tristeza


“Desculpe
Não tenho muita coisa triste nova para contar...
A grana continua curta?
Continua!
Problemas ainda não foram resolvidos?
Alguns, não!
Governantes persistem em decepcionar?
Invariavelmente!
Novos casos de doenças atingindo pessoas próximas?
Infelizmente!
Decepções com familiares, amigos, colegas?
Normal...

Enfim, o que fazer diante da falta de uma tristeza inédita?
Talvez fugir do lugar comum
Deixar de, consciente ou inconscientemente, alimentar esse derrotismo
Passar a lançar vários e diferentes olhares para um mesmo ângulo
Mas buscando pontos de vista diferentes
Quem sabe, de repente, um olhar distraído e despretensioso não acabe captando algo especial?
Algo que esteve sempre lá, pronto para emprestar força, esperança, alegria
Mas não foi percebido antes
Pois os olhos que passam de relance por ele estão vendados ao belo, ao que impulsiona para a frente, para o alto
Estão acomodados e conformados em ver sempre o lado triste e sombrio de tudo
Nada mais fazem a não ser se martirizarem, sentindo ou não um prazer oculto nisso
E vivem pedindo desculpas, até mesmo pelo fato de existirem”


By Elena Corrêa

 

sábado, 17 de setembro de 2011

A Covardia do Corajoso


“O rei dança, dançamos juntos
O rei canta, cantamos juntos
O rei sorri, sorrimos juntos
O rei chora, choramos juntos
O rei se mostra excêntrico
Soltamos nossos 'bichos', na ilusão de termos os mesmos poderes
O rei começa a ser avacalhado
Damos uma risadinha e saímos discretamente de cena

Mas há alguém, que sempre esteve observando à distância, que permanecerá lá, sem se comprometer
Blindado, ele continuará imune à alcunha de hipócrita

Até o momento em que o rei dá sinais de que tentará e poderá voltar

De longe, o observador sorrateiro espera que seu soberano atinja novamente o auge
Enquanto isso, vai arrebanhando a simpatia dos que, como ele, vivem à margem
Afinal, até um súdito se compraz de ter capachos

Quem será mais covarde ou mais corajoso?
Ele ou nós?”


By Elena Corrêa

 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Decifrar o Certo e o Errado


“Às vezes fico te olhando e me pergunto:
Onde você esteve esse tempo todo em que não estava aqui?
Por que só te encontrei agora?

Quem vai entender o tempo?
Qual será o momento certo ou errado?

Nós somos donos das nossas escolhas
E às vezes nos julgamos donos do tempo
Mas podemos nos enganar em relação a um e a outro
 
Tudo pode dar errado se dermos ouvido apenas aos conselhos de quem só diz agir em função do certo
Assim como alguma coisa pode dar certo se arriscarmos reciclar um ensinamento aparentemente errado
O que é o certo? O que é o errado?
Só o tempo trará o momento da resposta
Caberá a nós entendê-la. Ou não...”



By Elena Corrêa

 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Eu Em Você



“Não sei em que momento comecei a estar em você
 

Também não tenho certeza se sempre estive em mim

Descobrir em você um espaço para mim era tudo que eu esperava
 

Difícil agora é encontrar um espaço em mim longe de você
Mas continuo tentando
 

Sendo eu em você
E buscando você em mim...”


By Elena Corrêa

 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Raios de Luz



“Às vezes os dias parecem sombrios

Por mais que o sol brilhe

São aqueles dias em que esperamos mais do que os outros podem nos dar

Às vezes os dias são reluzentes

Por mais que as nuvens encubram o sol

São aqueles dias em que buscamos dentro de nós o que temos de bom

Mas há quem tenha o privilégio de ter ao lado alguém iluminado

Pronto a emprestar sua própria luminosidade em qualquer tempo

Para esses, bem acompanhados, os dias são sempre ensolarados

Por mais que chova lá fora

E mesmo que uns e outros tentem ofuscar seus raios de luz...”


By Elena Corrêa


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Entre a Emoção e a Razão


“Por um momento, só por um momento, entre muitos outros, eu me vejo cobrando coisas de mim mesma
Como ter a palavra certa naquela situação, aquela mensagem que acalmaria não apenas o meu coração, mas, principalmente, aquele coração que eu ouvia pulsar forte, descompassado, perdido
Tento, procuro, recorro a lembranças de dores vividas, mas ela não veio
Porque a busca por essa palavra vem sempre com a necessidade de atingir um ponto pessoal
Só que, como todas as nossas buscas, escolhas e decisões são individuais
Tem vezes em que nos vemos diante de poucas opções
Ou conservamos nossos braços livres para o momento real do abraço e nossas pernas firmes, sem interromper a trajetória iniciada
Ou agarramos o mundo com braços e pernas para dar segurança a tudo e a todos, e deixamos de caminhar nosso próprio caminho
Diferentemente do que se supõem, razão e emoção à vezes entram em acordo
E sopram recados que nem sempre damos ouvidos...
Mas elas dizem:
Não deixe que a insegurança e os problemas que não são seus engessem suas próprias carências e desejos pessoais
Se alguém te chamar de egoísta, não tenha receio de seguir suas convicções
Tenha receio, sim, de sucumbir às chantagens emocionais e deixar sua própria vida de lado em função das dos outros...
Nunca abra mão de ser dono de sua própria história, como sempre foi
Não force uma bondade aparente que só irá interferir em enredos alheios
Essa tal benevolência só causará estrago na sua história e na do outro
Sejamos leitores fiéis uns dos outros, mas sem perder nossas autonomias”


By Elena Corrêa


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Confidências Sobre o Tempo


“Quando crianças, nos divertimos tentando pegar bolhas de sabão
Pulamos, corremos e damos risadas gostosas a cada esfera reluzente que explode no ar
Quando adolescentes, fazemos descobertas, dividimos segredinhos com a melhor amiga
Ficamos diante do espelho assustadas com a transformação que os hormônios operam em nossos corpos
Anotamos secretamente confidências de amores, geralmente platônicos

Quando jovens, ficamos curiosos e, ao mesmo tempo, receosos de encarar a fase adulta
É quando nos vemos diante do impasse da escolha de qual chave escolher para abrir qual porta para nosso futuro
As dúvidas se vestem de certezas que, por sua vez, disfarçam um turbilhão de questionamentos

É como se a vida pulasse de um brinquedo para outro no parque do tempo
E a cada descida do escorregador, a cada volta dada no carrossel, em todos os ir e vir do balanço, vamos descobrindo que nem tudo é diversão

Num piscar de olhos já somos adultos
Nos vemos novamente correndo, não mais atrás de bolhas de sabão
Agora é para vencer desafios reais e realizar nossos próprios sonhos
Nem sempre conseguimos sorrir nessa corrida
Sabemos apenas que temos que atingi-los antes que se desintegrem no ar como bolhas de sabão

Enquanto o espelho continua lá, sempre o mesmo
Sempre mostrando as transformações em nosso corpo, nosso rosto, nossa pele
Mas o nosso olhar mudou, estamos mais preparadas para as mudanças na imagem refletida
O tempo também se encarregou de nos preparar para ela

Agora, escrevemos calmamente as histórias românticas vividas
Tentando resgatar o gostinho do secreto, das anotações confidenciais
Às vezes nem registramos, guardamos apenas para nós lembranças de amores passados
A necessidade maior é aproveitar cada segundo e viver o que está presente

E nesse desfrutar o que está ao alcance de nossas mãos, deixamos aflorar a criança que nunca deixou de sentir o prazer do vento batendo na face
É quando permitimos que se manifeste aquela adolescente que nunca deixará de fazer descobertas
Nos vemos novamente como jovens adultos curiosos que, de vez em quando, ficam receosos do que virá depois...” 


By Elena Corrêa


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Falsos Poemas


“De madrugada, o silêncio no apartamento é ensurdecedor
Quebrado apenas pelo som frenético do teclar no computador
O desejo é de uma companhia, um amigo, um amor
Mas já passou o tempo de se sonhar em vão
Busca-se urgentemente um interlocutor

Alguém que não use palavras manhosas apenas para acarinhar
Alguém que não busque frases poéticas apenas para conquistar
Alguém que não se exiba num pedestal apenas para barganhar sua admiração

Mas a carência é tamanha que a você só quer se sentir presente
Não importa se quem lê não está realmente traduzindo seus sentimentos
Não importa se estão se aproveitando do seu espaço para falar de si mesmo

Aí, busca-se a diferença entre quem está longe e quem está perto
Questiona-se por que quem está próximo não se aproxima
Mas se reconhece a facilidade de quem se posicionar à distância

É muito cômodo para o outro lançar palavras ao vento
Usar poemas envolventes e sedutores
Que vão se perder, sem provar seu verdadeiro conteúdo
E de nada servirão quando você mais precisar
Porque restará no ar de novo apenas um som, já nem tão frenético
Somente aquele ruído abafado do teclado” 


By Elena Corrêa


domingo, 4 de setembro de 2011

Luz Própria



“No universo sombrio em que se encontrava
Buscou uma fresta qualquer
Um arco-íris imaginário
Uma força que a fizesse se sentir resistente para continuar

Eis que o universo começou a clarear
Mas nuvens escuras surgiram vindo em sua direção
Elas sempre insistem em se aproximar
Sondam, fingindo oferecer falsa guarida

Alguns as acolhem, a opção é pessoal
Há quem goste de ser sombra
Que se esconde sob um manto de falsa proteção
Então, que se mantenha como vulto

Não é a escolha dela, ela quer mais
Está decidida a ser a estrela de sua história
Quer preservar sua luz própria, quer brilhar
E apenas porque quer, ela sabe que vai brilhar!”



By Elena Corrêa


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Todo do Tudo



"Às vezes, do nada, paro a pensar sobre o todo do tudo
Sei que não sou a única a fazer isso
Já se foi o tempo em que achava que era muito original nos meus pensamentos
No fundo, no fundo, somos todos muito parecidos em tudo
Principalmente nos pensamentos...
Mas é tão bom nos sentirmos exclusivos, não é?
Mesmo muitas vezes não sendo
É acreditando nesse direito de exclusividade que de vez em quando nos abrimos sem rodeios
E escancaramos ao mundo certos sentimentos até então timidamente ocultos
Como o quanto gostamos de ser acarinhados, protegidos, admirados
Confessamos o quanto algumas pessoas nos fazem falta
Pessoas que por livre vontade e às vezes até sem intenção deixaram suas marcas nas nossas vidas
São essas que realmente importam e merecem serem lembradas
Não aquelas que quando mais precisamos optaram por ficar à margem, à espreita
Essas, que preferem se esconder, querem ser esquecidas
Nada mais nos resta a não ser satisfazer a sua vontade
Mesmo assim, às vezes me pego pensando...
Será que elas têm consciência dessa escolha?
Ou estarão apenas tentando se proteger do julgamento alheio?
Não sei, não encontro respostas
Também não tenho direito e nem tempo de interferir em suas decisões
Cada um é responsável em recolher as pedras atiradas no seu próprio telhado
E consertar as suas próprias goteiras
Antes que o todo do tudo acabe virando nada"


By Elena Corrêa


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Amizade



“Tenho uma amiga que... talvez duas... talvez três...
Ah, desisto de contar...
Meu coração não se presta ao papel de distribuir senhas
Não por serem inúmeras, mas por ser cada uma importante demais

Como eu estava falando, tenho uma amiga, ou um amigo
E isso já é muito importante
Poder fazer essa afirmação já vale muito
Quantas vezes nos perdemos dizendo que somos sozinhos?

Mas, deixa pra lá
Essa frase é curta demais diante da imensidão dos nossos sentimentos
Das nossas decisões, dos rumos que damos para nossas vidas
E lá vamos nós, certos, confiantes, incertos, inseguros...

Até lembrarmos de novo que... temos um amigo...
Talvez dois... Talvez três...
Ah... nunca contei
Não é agora que vou contar

O que importa é que, como eu falava antes, tenho uma amiga que...
Deixa pra lá... Ela me conhece, sabe o que eu quero dizer
Mesmo que eu não diga palavra alguma
Ela ouve o meu coração”


By Elena Corrêa