segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

"Saudades de nós..."


“E por um motivo qualquer,
Naquela manhã, ao despertar
Antes mesmo de abrir os olhos
Uma estranha sensação de saudade já invadia meu ser

Não, não era um motivo qualquer
Os sonhos que haviam povoado o decorrer de uma madrugada explicavam tudo

Era a dor da distância, a dor da saudade
A dor da falta de um colo que me acalentou uma infância inteira
A dor de lembranças profundas de momentos vividos apenas por nós
Compartilhados com a mesma intensidade, com a mesma emoção
Sem testemunhas

E, aliada a essa saudade, veio junto uma sensação de culpa
Culpa de ter criticado, de talvez ter sido injusta
De ter me julgado capaz de julgar alguém que nunca me julgou

Culpa de não estar a seu lado quando mais precisou
De não ter chorado com você como fez tantas vezes comigo
De não ter entendido seus motivos...

Saudades de suas cartas, de nossos poemas
Saudades de nós...”


By Elena Corrêa


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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sobras



Você diz o que te convém
E o que te convém te fará feliz?
Você diz o que te alimenta
E isso corresponde à fome alheia?

Foda-se a fome alheia
Se não é ela que realmente te alimenta

Você vive em função do prato que não está no cardápio
Quer fazer a diferença por aí, sendo mais um entre vários iguais
   
E o que sobra para você?
Sobram as sobras que convieram a alguns deixarem de lado
E é nesse prato que continuará chafurdando
Fingindo não perceber que está se alimentando à custa da fome alheia


By Elena Corrêa

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Conversa Com o Silêncio


“Tento ouvir o silêncio
Mas não consigo, é quase impossível
Há sempre um som interrompendo nosso diálogo
São os sons urbanos estalando no asfalto
É o tilintar dos pingos de chuva na janela

Começo então a buscá-lo dentro de mim
Quem sabe assim eu consiga ser ouvida
Tenho tantas coisas a contar a ele

Fatos passados que insistem em permanecer na memória
Acontecimentos presentes que urgem serem preservados
Realizações com encontro já marcado com o futuro

Olhando para trás, o filme não parece ter gênero definido
Há uma miscelânea de cenas de drama, aventura, ação
Como se fossem massas de modelar coloridas misturadas
O azul se confunde com o amarelo, e o resultado não é verde
O preto com o branco, e não surge o cinza

Mirando no agora, o misto de sentimentos não é diferente
Só que agora sei bem em qual bilheteria comprei o ingresso
Não me arrependo do filme que escolhi para viver, e não apenas assistir
E a única coisa que realmente espero é bem simples:
Que a exibição dessa fita não seja interrompida antes de seu fim
Porque eu não pretendo faltar ao encontro já marcado com o futuro...”


By Elena Corrêa