quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Quisera...




Quisera não me perder nos restos que o passado jogou sobre um terreno que eu acreditava ser solo fértil para meu futuro

Quisera não me encontrar em um presente no qual a incerteza de uma colheita se faz presente e eu me sinto como parcela responsável de culpa nessa dúvida

Quisera que a minha vontade de que esse futuro seja realmente verdadeiro ultrapasse todas as barreiras do desejo

Quisera que o passado ao se fazer presente nos mostre um futuro...



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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Reminiscências dons Bons e Inesquecíveis Tempos de Magistério




Do alto do palanque que existia na época, ficava curiosa com o desejo explosivo que se manifestava em alguns de subir até lá, mesmo que fosse para exercer uma função praticamente de um subalterno, e se sentir na posição privilegiada de ser “o escolhido”, ou “a escolhida”

Ao mesmo tempo, verificava que muitos ansiavam por tal momento, mas faltava-lhes ousadia, coragem de se manifestar, talvez até houvesse um tremor de pernas que os travavam e não os deixavam seguir adiante

Estar à frente, mesmo que apenas um degrau acima, já era atingir um status, pela simples sensação de ser “o eleito”

Era também ser por um momento em suas vidas o centro das atenções

Uma espécie de se estar assinando o termo de compromisso de sucessor daquele que sempre estava à frente

Um sonhar inconsciente com grandes postos ou grandes cargos de importância

Em alguns casos, um sonhar com fama, sucesso e tudo que advém do mundo dos municipal, estadual, federal ou mundialmente conhecidos

A escola era pública e a sala de aula não era grande, comportava uns vinte alunos de idades variadas

Alguns eram novatos na quarta série, outros, repetentes há uns quatro anos

A maioria de classes sociais pouco favorecidas

E a história pessoal de cada um era um drama à parte que me fazia voltar para casa a cada dia carregando uma bagagem ainda mais pesada e rica de fatos para analisar, absorver e abstrair para minha própria existência

Mas aquele momento em que disputavam o privilégio de ir até o quadro-negro, que na verdade passou a ser verde, ou lousa, como é conhecido de forma mais arcaica, para apagar os rabiscos feitos em giz pela mestre, ah, esse momento era único

Era ali que eu via que o sonho de cada um era maior do que sua própria realidade, e que alguns tinham muito mais garra, coragem, garra e determinação de se expor e buscar seus objetivos

Talvez os que hoje despontam como vencedores tenham apagado muitos quadros na infância

Enquanto os que vacilaram, deixaram-se vencer pelo tremor das pernas ou tenham achado a função pequena demais para eles, estejam até hoje tentando escrever sua própria história em algum lugar. Ou tentando apagar...



By Elena Corrêa


domingo, 2 de setembro de 2012

Acima de sons, aromas, sabores, visões, sensações



Observar, analisar, apontar
Criticar, julgar, condenar

Quanto não será difícil estar do lado de lá?
Quanto não dói quando se está do lado de cá?

Delírios subjetivos de ordens ordenadas em mentes teoricamente corretas

Teorias corretamente criadas em momentos de devaneios

Conceitos mergulhados no inconsciente revelando-se em sonhos repetitivos
Alucinações que se repetem incessantemente como se não fizessem parte do real

Visões que voltam, e voltam, e voltam, e voltam...

Frases que não se decifram porque nada têm a dizer
Palavras que não se traduzem porque carecem de significado

Desejos morrendo engasgados em uma garganta seca, com um frescor de menta murcha
Cheiros se misturando e se equilibrando entre o bolor do mofo no tronco podre e a suavidade da aragem fria e suave na relva fresca

E o que se busca é aquilo que não se sabe onde está
Não se sabe que forma tem, não se sabe o que é  

É algo que está acima de todos os sons, aromas, sabores, visões, sensações  

Observar, o quê?
Analisar, para quê?
Apontar, quem?
Criticar, o quê?
Julgar, para quê?
Condenar, quem?

É o quanto é difícil estar do lado de lá
É o quanto dói quando se está do lado de cá



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