Sinto um cheiro de asfalto morno subindo até o oitavo andar
Causa ânsia, injúria, revolta por estar há dias esperando um
ar melhor
Uma chuva que trouxesse renovação, purificação
Algo um pouco mais saudável do que o que se tem respirado
ultimamente
Mas o que se sente, na verdade, é esse ar abafado, sufocante, contaminado
E não adianta repelir com argumentos, discursos, poesias,
frases prontas e mal formuladas
Somos todos vítimas dessa prosa, dessa poesia, desse mesmo
verso sendo sempre reciclado
Um verso mal feito, mal refeito, mal reformulado, mal parido
Um verso escarrado, vomitado, expelido pelas narinas contaminadas,
inflamadas
Tão corrompidas quanto qualquer outro órgão pode ser
obstruído
E tão mortal quanto qualquer ser estranho pode causar um final
injustificável
Um fim que chega escolhido não por opção, mas por invocação
Encarado de lado, de frente
ou até mesmo de costas
Mas esse é o fim escolhido
Esse é o fim do que foi vivido
Esse é o fim
By Elena Corrêa
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