O vento está soprando forte desde cedo. Ao entrar na
área da piscina do condomínio vejo que está cheia de folhas secas que caíram da
parreira do vizinho. Chegando mais perto, vejo uma borboleta branca de asas
abertas mergulhada na água. Recolho as folhas e, com uma delas, retiro a
borboleta. Morrendo de pena fico observando aquele bichinho tão delicado. Só
que, de repente, o corpinho dela se mexe. Fico sem saber o que fazer, a
pontinha de uma das asas está dobradinha, mas não posso tocar, tenho medo que
se esfarele. Retiro a folha delicadamente e a borboletinha fica quietinha em
minha mão. Confusa, vou para onde há sol, ver se ela seca, vou para a sombra do
ombrelone, pois ali o vento não é tão forte... Sem noção de que atitude tomar
resolvo colocá-la numa floreira ali próxima à piscina, onde as borboletas estão
sempre. Ela se acomoda sobre uma florzinha amarela. Engraçado que,
imediatamente, outra borboleta vem pousar na florzinha ao lado. Fico ali um
tempo. Mas, sem mais o que fazer e acreditando que agora ela tem companhia,
pego minha cadeira e sento a uns dois metros para ver o que acontece. De
repente, olho e vejo que ela está caída na grama. Nenhum sinal de vida. Asas
fechadas...
Bate uma ponta de tristeza, associada a uma reflexão
sobre o sentido de renovação das borboletas. No processo de metamorfose pelo
qual elas passam para ganhar vida. Na necessidade de transformação que às vezes
vem latente em alguns momentos de nossas vidas já muito transformadas, mas
nunca totalmente formadas. Na urgência em avaliar, reavaliar, aceitar, recusar,
transpor, impor, dar, pedir, perdoar, corrigir-se...
O vento continua forte. O sol começa a baixar. Está
tocando uma música qualquer no iPode. Continuo ali, sentada no mesmo lugar, pensamento
longe, divagando. Construindo e desconstruindo conceitos dentro de mim. Quando,
de repente, uma borboleta branca passa “borboleteando”. Imediatamente olho para
a grama onde minha “afogada” estava. Nada de longe! Vou conferir de perto e
tenho a certeza de que é ela sobrevoando de novo a piscina. Mas, dessa vez, ao ver
que o vento faz a água se movimentar com mais força, ela, literalmente,
arremessa e se lança num balé alto, longe daquele perigo que agora ela já
conhece, e volta a fazer parte dessa revoada fantástica de borboletas que tem
nos encantado todos os dias...
By Elena Corrêa
É, amiga, metamorfoses exigem sacrifícios, mudanças mas, como teimamos em acreditar em dias melhores, aguardamos, dia após dia, a hora de renascermos de novo. Às vezes como borboletas. Quase sempre como fênix. Emocionante reflexão.
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