quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carcereiras da Memória


"E eis que do nada surge mais uma vez aquela imagem do passado
Um sorriso e um olhar que pareciam congelados, petrificados
De repente, saltam de uma tela esquecida de algum pintor fracassado

Era uma visão que tentava tirá-la da realidade para fazê-la retroceder no tempo
Assim como palavras que pareciam bailar no ar sem respeitar o passar dos anos
Soavam falsamente como um bálsamo a qualquer ouvido ávido por elogios

Recordações que não eram mais esperadas
Mas insistiam em fazê-la mergulhar numa estranha sensação
Lembranças que pareciam tentar reverter um quadro irreversível

Mas teimavam em confundi-la mais uma vez
Tentavam fazê-la acreditar em uma solidão
Como se ela não conhecesse o verdadeiro sentido dessa palavra

Era como se fosse um fantasma tentando aprisioná-la mais uma vez
Alguém que quando chegou foi sem avisar
Alguém que sempre teve medo de realmente se fazer presente

O que achar daquela presença soturna e inesperada?
O que teria feito ela para merecer aquele tormento?
A tortura de ser castigada mais uma vez por lembranças?

Pesadelos que só serviam para reavivar a ideia de abandono
Coisa que ela sabia não fazer mais parte de sua vida
Era apenas uma herança há muito rejeitada, deixada por alguém

Alguém que, quando partiu, foi embora sem se despedir"





By Elena Corrêa




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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fantasma Indesejado


"Chegou um momento em que a solidão mostrou toda sua força
Bateu tão forte que não havia como não evitar o nocaute

Ela vinha trazendo não só suas amarras do presente
Trazia também um rol de argumentos passados devastadores
Histórias de sonhos destruídos, esperanças aniquiladas

E a desesperança do momento parecia ser a dose fatal
O sinal de um fim previsto, indesejado, camuflado

Tudo parecia definido previamente
Até chegar um momento de indefinição
E tudo começou a mudar

Decisões foram reavaliadas
Atitudes foram revistas
Planos foram refeitos
Sentimentos foram reconstruídos

E novos sonhos foram tomando forma
Novas histórias foram sendo planejadas
Novas formas de sentir foram amadurecendo
Novas visões do mundo (e dos outros) se descortinaram

Hoje a solidão virou um fantasma
Fraco, moribundo, mas que eu não menosprezo
Pois sei que pode voltar a agir a qualquer momento

E eu desejo que ele nunca volte a me reencontrar..."


By Elena Corrêa

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Escolhendo Direções


“Não, eu não renego a origem desse sentimento

Sim, eu aceito o que esse sentimento me traz

Entregar-se sem medo, sem receio
Jogar-se e enfrentar qualquer tipo de risco

Quebrar-se, espatifar-se, partir-se em mil pedaços
Não fugir do destino traçado ao que é quebrantável

Não adianta fugir, tentar seguir em linha reta
Mais adiante haverá uma esquina inevitável

Dobrar à esquerda ou à direita
A escolha é pessoal e imediata

Fazer a escolha óbvia entre a direita ou a esquerda
Ou ousar e optar por seguir em frente?

Não importa
Um passo em falso e tudo será posto a perder

Seja qual for sua escolha”




By Elena Corrêa

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Não Se Engane...


“Não se engane
Não foi você o único modelo que me inspirou a pintar aquela tela que ficou para sempre

Não se engane
Não foram somente suas histórias que me inspiraram a escrever poemas, alegres e tristes

Não se engane
Suas opiniões não foram únicas a me ajudarem a ter respostas certas a perguntas perdidas

Não se engane
Sua companhia não foi a única a preencher minhas lacunas nos momentos de uma solidão coletiva

Você contribuiu com cores que pincelaram minhas telas
Você deixou escapar rimas que enriqueceram meus versos
Você pronunciou palavras que pareciam responder a interrogações
Você se fez presente quando todos pareciam ausentes

Mas

Não se engane

Porque eu não me deixo mais enganar...”


By Elena Corrêa


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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Dor Que Só Nós Sentimos


“Há dores indecifráveis, há dores intransferíveis, há dores insuportáveis
Tentar defini-las acaba sendo tão dolorido, ou mais, quanto senti-las

Começando pelas indecifráveis
São aquelas que não encontramos palavras para descrever
Mas elas doem fundo, independentemente de quem as provoque

As intransferíveis são aquelas que não há como encontrar desculpas
O responsável é um só, por mais que ele tente se esquivar
E talvez doam muito mais por isso, pela dissimulação

E aí vêm as insuportáveis
São as que deixam marcas profundas
Porque, além de entristecer, decepcionam

O interessante é quando percebe-se que todas elas tiveram uma única causa
O estranho e maquiavélico dom de se jogar com a mentira

Mas aí vem o melhor: saber que esse dom nunca deixou de ser capenga
E sempre acabará sendo desmascarado por uma falha ridícula

É aí que acabamos descobrindo uma força maior em nós
Uma força capaz de superar a causa de muitas dores
Que vem de uma verdade que só nós temos

Assim como a dor que só nós sentimos

Dores indecifráveis
Dores intransferíveis
Dores insuportáveis...”



By Elena Corrêa


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