Da última fila da plateia do teatro, alguém observava aquela
cena que comovia a todos
Sem derramar uma lágrima, ele se fixava em cada movimento
daquela artista
Não, esse alguém não se emocionava com aquela mulher
escandalosamente envolvente no palco
Para ele, aquelas palavras eram repetidas roboticamente pela
falsa diva
Estavam sendo vomitadas após terem sido tragadas
voluptuosamente como doses exageradas de absinto
No palco, ela fingia nada precisar
Dizia ter sobrevivido a tudo
Mas regozijava-se com a bajulação dos falsos súditos
E, como fazem as falsas deusas, engolia a todos
Disfarçando seus instintos raivosos com gestos nervosos
Sem esperar o fim do espetáculo, ele se levanta e abandona a
plateia
Não havia mais necessidade de ficar até o final
O desenrolar do último ato já era previsto
E, embora tivesse por muito tempo desejado assisti-lo, agora
lhe parecia tacanho
Melhor buscar outros teatros, outros palcos, outros atores,
outras cenas...
By Elena Corrêa
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