Ela tinha conseguido sair do olho do furacão
Por mais que o tempo passasse, a pergunta ficava sempre sem
uma resposta definitiva
Como tinha se rebelado daquela forma, surpreendendo tanto
aos outros como a si própria?
Como tinha tido a coragem de ultrapassar os limites do bom
senso?
A ousadia de passar por cima do que é considerado o
politicamente correto?
Logo ela, tão certinha, tão contida, tão comedida, tão...
boazinha
A resposta, no fundo, ela conhecia
E constatava a cada dia que o furacão continuava lá
Fuzilando com seus olhos novas vítimas
Enredando-as em seu redemoinho
E gargalhando a cada devastação provocada
Mas, como todo furacão, também começava a perder sua força
E ía sendo rebaixado, pouco a pouco
Tempestade tropical, temporal, ventania...
Não demoraria até virar um furacão sem olho, sem face, sem identidade
Um sopro do que sempre foi
Um nada...
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