quinta-feira, 28 de maio de 2015

Atitudes Sombrias



Às vezes é tão difícil traduzir o que realmente acontece no dia-a-dia
Fazer isso com clareza
Sem medo de mostrar a real
Sem ter vergonha de se mostrar frágil por trás de uma fortaleza aparente
Sem ocultar o que aflige a alma por trás de uma gargalhada forçada
Sem desviar o olhar quando algo alfineta s olhos até verter lágrimas
Sem mentir que a solidão está lá, escondida, à sua espera, entre quatro paredes
Sem se ocultar por trás de dogmas que não condizem com sua vontade real
Às vezes parece tão fácil fugir de tudo
Fazendo isso na sombra

domingo, 3 de maio de 2015

Sobre Uma Borboleta




O vento está soprando forte desde cedo. Ao entrar na área da piscina do condomínio vejo que está cheia de folhas secas que caíram da parreira do vizinho. Chegando mais perto, vejo uma borboleta branca de asas abertas mergulhada na água. Recolho as folhas e, com uma delas, retiro a borboleta. Morrendo de pena fico observando aquele bichinho tão delicado. Só que, de repente, o corpinho dela se mexe. Fico sem saber o que fazer, a pontinha de uma das asas está dobradinha, mas não posso tocar, tenho medo que se esfarele. Retiro a folha delicadamente e a borboletinha fica quietinha em minha mão. Confusa, vou para onde há sol, ver se ela seca, vou para a sombra do ombrelone, pois ali o vento não é tão forte... Sem noção de que atitude tomar resolvo colocá-la numa floreira ali próxima à piscina, onde as borboletas estão sempre. Ela se acomoda sobre uma florzinha amarela. Engraçado que, imediatamente, outra borboleta vem pousar na florzinha ao lado. Fico ali um tempo. Mas, sem mais o que fazer e acreditando que agora ela tem companhia, pego minha cadeira e sento a uns dois metros para ver o que acontece. De repente, olho e vejo que ela está caída na grama. Nenhum sinal de vida. Asas fechadas...

Bate uma ponta de tristeza, associada a uma reflexão sobre o sentido de renovação das borboletas. No processo de metamorfose pelo qual elas passam para ganhar vida. Na necessidade de transformação que às vezes vem latente em alguns momentos de nossas vidas já muito transformadas, mas nunca totalmente formadas. Na urgência em avaliar, reavaliar, aceitar, recusar, transpor, impor, dar, pedir, perdoar, corrigir-se...

O vento continua forte. O sol começa a baixar. Está tocando uma música qualquer no iPode. Continuo ali, sentada no mesmo lugar, pensamento longe, divagando. Construindo e desconstruindo conceitos dentro de mim. Quando, de repente, uma borboleta branca passa “borboleteando”. Imediatamente olho para a grama onde minha “afogada” estava. Nada de longe! Vou conferir de perto e tenho a certeza de que é ela sobrevoando de novo a piscina. Mas, dessa vez, ao ver que o vento faz a água se movimentar com mais força, ela, literalmente, arremessa e se lança num balé alto, longe daquele perigo que agora ela já conhece, e volta a fazer parte dessa revoada fantástica de borboletas que tem nos encantado todos os dias...

Fiquei ali um tempo, feliz por uma borboleta, e consciente das transformações, mudanças e renascimentos pelos quais ainda terei que passar. A exemplo dela e de suas companheiras...


By Elena Corrêa

domingo, 19 de abril de 2015

Sobre o Tempo das Borboletas


Há uma semana tenho acordado vendo sempre da janela do alto do mezanino uma revoada de borboletas. A maioria de cor branca e amarela, pequena, delicada. Como um ninho que se abre a cada manhã e despeja no céu uma revoada inexplicável desses seres aparentemente tão frágeis, mas que mostram sua força a cada desabrochar. Sofrido, doído. E elas são inúmeras, inquietas, lindas!

Tomaram conta de uma árvore cheia de flores amarelas e lilás do ouro lado da rua e saem de lá em grupos para voos majestosos na área ao redor. Borboleta é símbolo de renovação, já ouvi várias pessoas dizerem. E é tudo que estou esperando: viver uma fase de redescoberta.

Embevecida, fico olhando diante da janela esse balé delicioso, não programado, não ensaiado, mas que é um espetáculo de dar inveja a qualquer corpo de bailarinos profissionais. E, acreditando no tal lance da “renovação”, eu fico aguardando...

Com certeza, um novo ato se anuncia!

By Elena Corrêa

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Quem Era Eu?




Como a vida é doida

E sempre achava que a doida fosse eu

Como a vida é imprevisível

E até então achava que imprevisível era eu

Como a vida nos surpreende

E apostava todas as fichas que surpreendente era eu

Mas é ela, sempre ela, que rouba a cena

E nos lança em instantes de extrema euforia

E nos atira em momentos de muita emoção

E em segundos faz tudo desmoronar

Ou, nos descortina um reconstruir

E aí?

Ah, aí é jogar o jogo dela

Ser doida, imprevisível, surpreendente, eufórica, emotiva

Desconstruída

Até voltar a me reconstruir

E perguntar

Quem era eu?




By Elena Corrêa