sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Confidências Sobre o Tempo


“Quando crianças, nos divertimos tentando pegar bolhas de sabão
Pulamos, corremos e damos risadas gostosas a cada esfera reluzente que explode no ar
Quando adolescentes, fazemos descobertas, dividimos segredinhos com a melhor amiga
Ficamos diante do espelho assustadas com a transformação que os hormônios operam em nossos corpos
Anotamos secretamente confidências de amores, geralmente platônicos

Quando jovens, ficamos curiosos e, ao mesmo tempo, receosos de encarar a fase adulta
É quando nos vemos diante do impasse da escolha de qual chave escolher para abrir qual porta para nosso futuro
As dúvidas se vestem de certezas que, por sua vez, disfarçam um turbilhão de questionamentos

É como se a vida pulasse de um brinquedo para outro no parque do tempo
E a cada descida do escorregador, a cada volta dada no carrossel, em todos os ir e vir do balanço, vamos descobrindo que nem tudo é diversão

Num piscar de olhos já somos adultos
Nos vemos novamente correndo, não mais atrás de bolhas de sabão
Agora é para vencer desafios reais e realizar nossos próprios sonhos
Nem sempre conseguimos sorrir nessa corrida
Sabemos apenas que temos que atingi-los antes que se desintegrem no ar como bolhas de sabão

Enquanto o espelho continua lá, sempre o mesmo
Sempre mostrando as transformações em nosso corpo, nosso rosto, nossa pele
Mas o nosso olhar mudou, estamos mais preparadas para as mudanças na imagem refletida
O tempo também se encarregou de nos preparar para ela

Agora, escrevemos calmamente as histórias românticas vividas
Tentando resgatar o gostinho do secreto, das anotações confidenciais
Às vezes nem registramos, guardamos apenas para nós lembranças de amores passados
A necessidade maior é aproveitar cada segundo e viver o que está presente

E nesse desfrutar o que está ao alcance de nossas mãos, deixamos aflorar a criança que nunca deixou de sentir o prazer do vento batendo na face
É quando permitimos que se manifeste aquela adolescente que nunca deixará de fazer descobertas
Nos vemos novamente como jovens adultos curiosos que, de vez em quando, ficam receosos do que virá depois...” 


By Elena Corrêa


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