segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
O Sim E O Não
“Um dia eu disse Sim
Em outro disse Não
Como invariavelmente acontece, cobraram coerência em minhas posições
‘Como você pode mudar de opinião tão rapidamente?’
Como assim, tão rapidamente?
Eu não falei que o ‘outro dia’ era o seguinte
E se fosse? Qual seria o problema?
Não me deixo acorrentar ao passar das horas para reformular meus conceitos
Já os prisioneiros do tempo usam ao pé da letra o que ouvem
Não arriscam evoluir em suas opiniões
Sabem apenas contestar, argumentar, cobrar dos outros
Perdem-se em suas próprias teorias
Pensam conhecer a liberdade, mas nada sabem de poesia
Diferentemente dos poetas, que já nasceram livres
Pela simples opção, vocação, inspiração, ou seja, o que for
Há a opção entre o recuar e o seguir
Mas há também a certeza daquilo em que se acredita
E é nesta escolha, entre o ficar e seguir, entre o sair ou entrar, que existe a verdadeira liberdade
E haverá sempre a possibilidade de se responder com um Sim ou um Não...”
By Elena Corrêa
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terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Perdida na Própria Arte de Convencer
“Ao conhecer aquela pessoa, a primeira sensação foi de admiração
Sua sensibilidade artística precoce era surpreendente
Sua inteligência e bagagem cultural eram indiscutíveis
Mas sua personalidade beirava o limite entre a defesa e o ataque
O que deixava em dúvida se ela seria realmente forte ou apenas confusa
Aos poucos, o tempo foi passando
E a máscara começando a cair
As cores das tintas do quadro foram se desmerecendo
A tela foi perdendo seu viço
Confusa e sem força, agarrava-se a uma moldura qualquer
Aquela não era uma obra autêntica, nunca tinha sido
Na ânsia por conquistar cada vez mais admiradores
Conseguiu enganar a muitos por muito tempo
Até começar a perder sua própria identidade
O sinal veio junto com réplicas sem assinatura própria
O desespero em impor suas ideologias a jogaram num labirinto
Já não sabe mais a quem agradar
Já não sabe nem mais qual é seu ideal
As lutas passadas misturaram-se a uma carência que ela sempre tentou renegar
Mas que está ali, disfarçada nas cores de uma palheta guardada
Que ela finge esquecer que existe
Para não ter que nunca pintar o seu verdadeiro quadro
Aquele que mostrará sua vida
Tão cheia de razão, tão vazia de amor”
By Elena Corrêa
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
O Cômodo e o Incômodo
“Muitas vezes tem horas em que nada incomoda
A ausência de sol
A chuva que cai
A presença de nuvens
Ou a falta delas
A ausência de sol
A chuva que cai
A presença de nuvens
Ou a falta delas
A amiga, ou amigo, que faltou a um encontro
A carência da presença de alguém de confiança
A descoberta da falsidade daquele em quem se confiava
A carência da presença de alguém de confiança
A descoberta da falsidade daquele em quem se confiava
O negócio que não deu certo
Ou não ter arriscado naquele projeto que poderia ter dado
Ou não ter arriscado naquele projeto que poderia ter dado
Muitas vezes tem momentos em que tudo incomoda
A ausência de sol
A chuva que cai
A presença de nuvens
Ou a falta delas
A chuva que cai
A presença de nuvens
Ou a falta delas
O recém conhecido que ficou de ligar e nunca deu notícias
O silêncio que se apresenta como carrasco e não conselheiro
As opiniões que soam como verdades absolutas
As propostas tentadoras que ocultam segundas intenções
A sensação de cegueira por não ter visto uma traição que se mostrava iminente
Passar do cômodo ao incômodo é uma decisão pessoal
Há muitos fatores que levam de uma fase a outra
Muitas vezes tem momentos em que tudo ou nada incomoda
A escolha pode ser, e é, apenas nossa...”
By Elena Corrêa
Ilustração: Escher - Côncavo e Convexo
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
O Início, O Fim, O Meio
"No início da tarde, penso no que me levou a chegar até ali
Já que no fim da manhã nada valia mais nada
E eu tentava entender o que tinha me levado até o meio daquela história
Voltei ao início da manhã para entender como tinha sobrevivido até aquele ponto
Que encontros e desencontros teriam feito valer à pena chegar até ali
Aquele começo de noite que deixava no ar uma tarde mal acabada
Pensava em que momento da tarde eu comecei a não ter mais noção do tempo
Em que momento acabei de perder o pôr do sol
Em que momento fiquei no meio do caminho
No meio da madrugada, comecei a entender
O fim da noite estava apenas me despertando
E o começo da manhã era apenas mais uma incógnita
Despertando
De novo..."
By Elena Corrêa
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Buscar Vínculos Sem Amarras
“Onde foi que eu errei na minha escolha?
Qual o exemplo que busquei e não era o ideal?
Não entendia alguns arraigados ao passado
Nem outros, presos ao presente
E muito menos os poucos buscando se atrelar ao futuro
Parecia tão fácil fazer aquela divisão na fronteira cronológica
Principalmente quando feita no relógio alheio
Mas não era, não é, nunca foi, nem será
Há muitos atrelados a um passado que não quer vínculos
Outros presos a um presente que não quer comprometimento
E alguns arraigados a um futuro que nunca existirá
Mas, mesmo assim, a maioria continua sonhando com amarras
Sem querer se prender...”
By Elena Corrêa
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