domingo, 8 de julho de 2012

As benesses cifradas


Demarquei, tentei deletar, apagar de vez aquelas histórias que tinha escrito e guardado

Seriam relíquias, lembranças tratadas como tesouros, peças raras

Faziam parte de uma estranha sensação nostálgica que me levava a tentar viver aquele passado como se fosse presente

Uma incômoda cobrança se fazia presente me sufocando e pedindo ações e reações urgentes no momento

Eu me sentia entregue a um desafio que me colocava diante de mim mesma

Sim, porque todas aquelas pessoas que agiam contra mim não se assumiam claramente

Era tudo obscuro, confuso, cifrado, propositalmente deturpado

Mas nunca me senti vítima nem quis me posicionar como vitimada

Deixo essa coroa de sofredora àqueles que continuam lá

Reclamando dia a dia, choramingando pelos cantos

Sentindo um prazer incompreensível e desprezível de se colocar como coitados

Vítimas de um sistema ao qual eles próprios fazem caramuru

E, na surdina, nos bares da esquina, condenam e contestam

Mas vivem das benesses dele e, covardemente, dizem não haver outra saída


Nenhum comentário:

Postar um comentário