Demarquei, tentei deletar, apagar de vez aquelas
histórias que tinha escrito e guardado
Seriam relíquias, lembranças tratadas como tesouros,
peças raras
Faziam parte de uma estranha sensação nostálgica que
me levava a tentar viver aquele passado como se fosse presente
Uma incômoda cobrança se fazia presente me sufocando
e pedindo ações e reações urgentes no momento
Eu me sentia entregue a um desafio que me colocava
diante de mim mesma
Sim, porque todas aquelas pessoas que agiam contra
mim não se assumiam claramente
Era tudo obscuro, confuso, cifrado, propositalmente deturpado
Mas nunca me senti vítima nem quis me posicionar
como vitimada
Deixo essa coroa de sofredora àqueles que continuam
lá
Reclamando dia a dia, choramingando pelos cantos
Sentindo um prazer incompreensível e desprezível de
se colocar como coitados
Vítimas de um sistema ao qual eles próprios fazem
caramuru
E, na surdina, nos bares da esquina, condenam e
contestam
Mas vivem das benesses dele e, covardemente, dizem não
haver outra saída
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