“Nessa mesa para muitos, em que apenas um se senta, o vinho é sorvido com um estranho prazer
Um prazer que talvez se assemelhe ao sentido pelo prisioneiro quando vê chegado ao fim seu trabalho de escavar o túnel que garantirá sua fuga
Ledo engano
A embriaguez não o levará a lugar algum
Nada do que é pensado consegue dar sentido a coisa alguma
É como se tudo na verdade não tivesse nenhuma razão de ser
Esforçar-se para ouvir sons que não sejam esse zumbido infernal
Correr da perseguição dessa maldita multidão imaginária
As tentativas se esvaem
Apenas a mesa continua ali
As horas passaram, o tempo escorreu ralo abaixo
O cálice está vazio
A expectativa de ouvir a campainha tocar está sepultada
Jaz junto com a espera de o telefone tocar
Quando o cansaço físico mais uma vez vencer, o dormir será a única saída
E começará a batalha contra outra inimiga:
A insônia, que sempre insiste em alimentar essa dor emocional que atende pelo nome de Solidão”
By Elena Corrêa
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