“Debruçada sobre o parapeito daquele viaduto uma superprodução imaginária se reproduz
Os reflexos dos faróis dos carros funcionam melhor do que os canhões de luz mais avançados de qualquer set de filmagem
Miro cada pedestre passando lá embaixo, perdido, perplexo, pasmo sob aquele concreto
São vultos que vão se engolindo e se mesclando numa dança louca e envolvente
São sombras que vão crescendo e depois sumindo com o avançar das horas
O que eles terão a me dizer, o que eu terei a dizer a eles?
O que são vozes soltas ao vento sem um eco de entendimento?
Lembro um pedido de atenção por trás de um gesto tímido
Lembro um grito de socorro disfarçado por um sorriso nervoso
Lembro um silêncio sofrido, doído, abafado
Lembro uma necessidade de amor, de carinho
Sem vivência suficiente para perceber
Não atendi aquele pedido de atenção quando ele mais precisava
Aquele grito de socorro, sofrido, doído, abafado
Aquela necessidade apenas de um ombro amigo
Hoje a vivência que acumulei não compensa as fraquezas que não pertencem apenas a mim
Terá sido tudo apenas a encenação de um set?
Os reflexos dos faróis serão, definitivamente, apenas canhões de luz?
Aquele corpo estendido no chão realmente não tem mais vida?
Não
Ele continua vivo em mim...”
By Elena Corrêa
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