sábado, 30 de julho de 2011

Força Para Dizer 'Não'


“Era seu primeiro namorado, sonhava acordada, dormia o sono dos anjos
Para ela, o bem era a verdade suprema
O mau não passava de vilões dos desenhos animados
E estes eram sempre castigados no final
Portanto, não representavam perigo na vida real

As horas deslizavam soltas, fizesse sol, chuva, frio ou calor
Até o dia em que uma descoberta descortinou para ela outro cenário
Não, o mundo não era feito apenas de verdades
As pessoas não eram todas totalmente sinceras, autênticas, fieis
Uma traição foi o turning point para rever sua visão do mundo e das pessoas

Com o tempo, aquela ferida foi cicatrizada, mas nunca esquecida
E sua importância ultrapassava qualquer cena amorosa
As experiências futuras trouxeram novas decepções
Ela não era mais uma menina, já era uma mulher
Sabia que a mentira e a traição rondavam qualquer tipo de relação

Havia sempre novos arranhões na alma e punhaladas pelas costas
Mais ou menos intensos, todos foram contribuindo para seu crescimento
Esse amadurecimento ainda não foi concluído
A cada nova etapa de sua vida, novas decepções acontecem
E elas ainda provocam feridas que doem, sangram

Mas ela não se deixa endurecer
Por mais que negue, a jovem sonhadora e romântica ainda existe
A diferença é que hoje ela percebe a diferença entre os que têm duas caras
Consegue captar a real intenção dos que não têm cara nenhuma
Tem força para dizer ‘não’
E não se deixa mais ser usada, enganada, ludibriada”  


By Elena Corrêa


Ilustração: Rene Magritte

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Criança Interior


“Corra, rodopie, gire como um carrocel
Gire em torno do mundo
Rode com o som de pássaros
Corra a favor do tempo

Não deixe que seus sonhos sejam destruídos
Nem que eles passem sem antes mostrar à vida suas cores
Encante-se com uma flor, saborei os frutos de suas conquistas
Aprenda com as lições que a criança que há em você tem a lhe dar

Não deixe ninguém parar
Não deixe ninguém cair
Não deixe ninguém chorar
Não deixe ninguém partir

Toque em cada estrela
Brinque de desenhar com as núvens
Adormeça serenamente com a lua
Desperte confiante com o sol

Corra, rodopie, gire como um carrocel
Gire em torno de si mesmo
Rode com seu próprio sorriso
Corra, mas sempre sentindo o prazer de estar vivo”


By Elena Corrêa

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eu Sobrevivo




“Busquei entender, 
ter paciência, calma
Sempre, em todos os momentos
Com todos, em qualquer situação
Não queria destruir ninguém
nem me autodestruir


Por mais que me magoassem ou machucassem, eu sobrevivia
E pensava: eles têm razão para isso, também estão sofrendo
Sim, eles estavam padecendo de algum mal
Enfrentando algum problema
Então, nada mais justo que eu relevasse

Declarações amargas, indelicadas, inconvenientes
A maioria das vezes eram injustas
Mas, com algum esforço, suportáveis
Até o momento de serem implacáveis

Busquei entender, decifrar
E aí surgiram as interrogações:
Até que ponto devo agir em relação aos outros?
Por que não tenho retorno deles em relação a mim?
Estão simplesmente sugando minhas energias?

Busco entender, ter paciência, calma
Sempre, em todas as situações
Com todos, em qualquer momento

Sigo não querendo destruir ninguém nem me autodestruir
Quero apenas viver, sobreviver
Sem dever a minha vida a ninguém”


 By Elena Corrêa

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Em Defesa da Razão e da Loucura


“Se você quer ser louco, seja
Extrapole tudo que seja lúcido
Se você quer fingir ser o senhor da razão, finja
Faça discursos tirados de manuais contra tudo que seja lúdico

Mas não ouse pensar em roubar o direito da minha loucura
Nem tente tirar de mim o que eu julgo ser a minha razão
Porque elas são só minhas, e tão somente minhas
Você não tem poder nenhum sobre elas

Você não tem voz de comando sobre nada
Apenas se ilude num mundo criado em sua mente
A vida real está longe do seu ponto de visão
Você se esqueceu de ser a promessa que era quando nasceu

Você não cresceu, não se criou, não evoluiu
Se estagnou num nada absurdo que não se justifica
Mas insiste em se mostrar e se sobrepor a todos
Prefere se achar tudo a admitir o que todos sabem...
Não é nada

Dá gargalhadas para abafar o som de um choro noturno
Tenta esconder seus soluços de todos, até de si mesmo
Mas há algo que incomoda e é maior do que as influências que julga ter
E contra isso você não tem argumentos...
A minha loucura e a minha razão são e serão sempre superiores às suas”



By Elena Corrêa



segunda-feira, 25 de julho de 2011

Hora De Se Salvar



“O tempo urge de um tempo

Um tempo para pensar
Um tempo para avaliar
Um tempo para desconfiar
Um tempo para acreditar

A vida urge de um tempo

Um tempo para respirar
Um tempo para transpirar
Um tempo para submergir
Um tempo para emergir

O amor urge de um tempo

Um tempo para brotar
Um tempo para podar
Um tempo para chorar
Um tempo para sorrir

As lutas urgem de um tempo

Um tempo para planejar
Um tempo para atacar
Um tempo para perder
Um tempo para conquistar

O tempo urge de um tempo

Um tempo para acordar
Um tempo para contestar
Um tempo para negar
Um tempo para se salvar”



By Elena Corrêa


sábado, 23 de julho de 2011

Hipocrisia


“Até que ponto essa hipocrisia continuará reinando entre aqueles que se acham justos?
Era o que ele se perguntava o tempo todo
Principalmente quando fatos relevantes traziam à tona formadores e desinformadores com suas opiniões
‘Eu não julgo ninguém, mas...’
Ah, esse maldito ‘mas’ usado para justificar tudo
E que só tenta disfarçar uma posição abstrata, sem conteúdo

Enjoado do falso moralismo, ele fazia ouvidos moucos
Ignorava religiosidades proferidas por pagãos
Não respondia a questionamentos óbvios
Nem perdia tempo com pseudos intelectuais
Aprendeu a diferenciar os oportunistas dos idealistas
Debochou dos que se escondem por trás de uma personagem para dizer o que pensam

Mas chegou o momento em que parou para se auto-avaliar
E percebeu que ele próprio também julgava
Mesmo dizendo o contrário, com todas suas teorias
Cobrava dos outros atitudes que nem ele tinha
Logo ele, que sempre se achava tão justo
Envergonhado, chorou ao perceber sua própria hipocrisia”


By Elena Corrêa


sexta-feira, 22 de julho de 2011

Vulto de Si Mesma


“Era como se vultos estivessem sempre à espreita
Brotavam do chão, bailavam à sua volta, pairavam sobre sua cabeça
Tinha medo de tudo, até de pensar
Mesmo estando sozinha, achava que seus pensamentos poderiam ser ouvidos
Não pronunciava palavras ou frases que nunca tivessem sido ditas antes
Temia ter que arcar com a responsabilidade de justificar sua autoria
Nas noites frias e solitárias, mergulhava em lembranças
Buscava no passado recuperar sua auto-estima perdida
As madrugadas eram longas
E em cada amanhecer, ao se olhar no espelho, o desespero aumentava
Via refletido em seu rosto o avançar de sinais que deveriam surgir só no futuro

Não buscava culpados ou vítimas
Fazia questão de se revezar nessas duas posições
Era uma forma de adiar qualquer decisão
Definições assustavam, não seriam propícias
Preferia continuar como animal selvagem acuado
Rosnando para tudo e para todos
Sentindo-se sempre na posição de agredido
Reagindo e defendendo-se sem antes procurar saber se era o alvo

A desconfiança foi corroendo aos poucos
Mas esse não foi o maior estrago no que de bom ainda restava
Pior foi quando a insegurança acabou gerando o egocentrismo
E a levou a sentir-se o umbigo do mundo, mas no sentido negativo
Passou a se achar a fonte de inspiração para tudo de amargo que vê
Para tudo o que os outros fazem, dizem ou escrevem
Como se não existisse mais nada nem ninguém no mundo
Sem perceber, tornou-se vulto de si mesma”


By Elena Corrêa 



terça-feira, 19 de julho de 2011

Separação



“Um adeus que não foi pronunciado
Uma distância que não consegue afastar momentos que nada prometiam
Mas que eram a razão de continuarmos presentes

Acreditei naquele êxtase de paz
Era feliz, sem perceber o quanto
Apostei que não acabaria
Não suspeitava que seria por tão pouco tempo

As conquistas não precisavam ser buscadas
Batalhas nunca foram travadas
Agora, não há mais forças para lutar, não há armas

Também não há vítimas ou culpados
O encontro não precisou ser marcado
E o desencontro não foi planejado
O que vale é seguir em frente

Continuar na estrada, sem buscar, sem planejar
Sem se fixar na ideia de um novo achado
Um dia... Quem sabe...?”


By Elena Corrêa


domingo, 17 de julho de 2011

Nada a Ser Dito




“Difícil escrever quando a cabeça se povoa de ideias
E essas ideias não passam de sonhos irrealizáveis
Há que se ter cuidado para evitar o emaranhado de palavras
Frases confusas não enganam
Levam a crer que tudo não passa de um imbróglio
Mera tentativa de convencer a todos de que existe algo a ser dito


Mas há momentos de réplicas e tréplicas
Em que o que se tem a ser dito é em função do que já foi falado
Há também aquela hora em que o que se tem vontade de dizer não cabe mais
Ficou defasado, desgastado, perdeu sua hora
Há ainda o tempo em que bate uma vontade de extrapolar 
Libertar-se do compromisso de mostrar coerência em tudo
E envolver a todos numa troca igualitária de ideias que não passavam de sonhos”


By Elena Corrêa



sábado, 16 de julho de 2011

Renovação


“Nada ficará como está

E nada será como era antes

A mim não importa chafurdar na lama do passado

Nem mergulhar no opium de banhos espumantes


O que eu quero é para agora e será sempre mais
Nem tudo que já foi tem chance de se repetir tal qual era antes
Mas o que foi bom terá sempre a oportunidade de se reciclar
E poderá voltar renovado, transformado

Não há argumentos que convençam do contrário os incrédulos
Aqueles que acham que os sonhos não levam a nada
Que o amor não existe como sonhamos
Que as ilusões destroem e as esperanças sacrificam

Mas esses não me interessam, não me importa o que pensam
Eles não vão conseguir me contagiar
Ficarão à distância, jogados no lixo inaproveitável
Enquanto sigo conquistando e reciclando cada centímetro, cada metro, cada quilômetro dos meus desejos”


By Elena Corrêa


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Aprender a Voar



“No começo, era o desejo de ser um pássaro
Voar sem ter um porque, sem ter um aonde ir
Apenas ser leve, ser livre, ser solto...
Tirar da alma essa angústia
Essa dor que dilacera, que me destroça em fragmentos deteriorados

O mundo me engole e vomita, como alimento rejeitado, apodrecido
Sou doença, sou a cura
Sou veneno, sou o antídoto
Sou droga nenhuma
Sou eu, mais nada

Os conceitos e preconceitos se espalham
Sigo alheia a todos eles
Não por achar que sejam menores ou temer que sejam maiores
Mas porque eles realmente me são indiferentes
E me diverte essa importância que se atribuem

Não desejo mais ser um pássaro
Voando sem ter um porque, descobri um aonde ir
Aprendi a ser leve, ser livre, ser solto
Tirei da alma a angústia
E a dor que me dilacerava é a mesma que me tornou inteira, amadurecida”


By Elena Corrêa


terça-feira, 12 de julho de 2011

Questionamentos





“Dizer o que?
Que sim, que não, que talvez, que porém...?

O que são as palavras?
Sons ocos querendo transmitir tudo, mas se perdendo no nada da memória?

O que é o pensamento?
Um emaranhado de ideias e sentimentos que se mostram, mas não se definem?

O que são os sentimentos?
Sensações sem ponto de partida, mas sempre em busca de um ponto de chegada?

O que é a vida?
Será uma interrogação constante até o ponto final?”



By Elena Corrêa
 
Ilustração: Van Gogh

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Invisível


“Foi assim que eu senti

É assim que sinto e vou continuar sentindo

Todas as cores e formas se mostrando

E nada sendo visto

Vozes, risos, sons que preenchem o espaço

Mas não abafam o silêncio que vem de dentro

Perguntas que se escondem por temerem suas próprias respostas

A espera do tudo se perdendo no nada

E a sensação de ser mais um invisível perdido na multidão...”


By Elena Corrêa

 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Fugas Noturnas



“Cansada de um mundo formado por pessoas planejadas, como se fossem todas filhas de um grande pai-computador, ela resolveu partir

Não queria mais sentir aquele cheiro de traição, não agüentava mais ouvir o som zombeteiro de vozes cínicas carregadas de inveja

Precisava fugir daqueles olhares traiçoeiros e mesquinhos escondidos por trás de olhos curiosos, que refletiam apenas maldade

Aquele ar era fedorento, o barulho era alucinante e a visão, angustiante

Ela estava triste

E não tinha vergonha de ser

Lamentava que a ilusão a tivesse feito ver de todo homem um ser fantasiado

Mas acreditava que um dia deixaria de lado seu eu cético e desencontrado

Deixaria de tentar disfarçar a depressão em que se encontrava

Procuraria de novo seu mundo, sem saber mais qual seria seu lugar nele

Seria aquele onde gargalhadas abafam gemidos de dor?

Ou onde uma cortina de sonhos esconde a realidade?

Mas até quando duraria o sono?”


By Elena Corrêa

 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Decepções



“Ela chega de surpresa, sorrateira, silenciosa, sombria
Sem fazer alarde, para não tirar a força do momento da chegada

O prazer tem que ser proporcional ao impacto
E é só após galgar cada etapa da sedução que ela se revela

Quando chega, a decepção é avassaladora
Passa repentinamente da sutileza à agressividade
E nos derruba, diminui, aniquila
Esse é seu jogo, é sua estratégia de morte ao outro
Para ela, um inimigo

As dúvidas corroem, as perguntas ficam sem respostas
Por que tudo isso acontecendo agora, neste momento?
Por que comigo? Por que vindo de onde menos esperava?
Por que o agonizar acontecendo antes da doença?

A razão nos aconselha a esquecer, ignorar, menosprezar
Mas preferimos dar ouvidos à emoção
E nos enganamos dizendo que devemos dar uma nova chance 
Na tentativa de salvar o perdido, assumimos culpas que não nos pertencem

Mergulhamos num processo de autoculpa, autocrítica, auto tudo
No tribunal da vida, somos réus, culpados, inocentes, defensores, acusadores
Quando nos vemos no auge da insegurança e fragilidade, o juiz bate o martelo
A sentença é dada, e a pena de cada um, apenas a cada um pertence

Não importa se o júri do mundo o condenou ou inocentou
O principal veredicto deve ser dado por você
E ele pede uma fiança que não é tão difícil pagar
Basta aceitar que essa decepção tinha que cruzar seu caminho

Veja o quanto aprendeu com ela, apesar da dor
E no fim, responda a si mesmo, quem ganhou mais, quem cresceu mais
E acabará agradecendo o fato de ela ter acontecido
Pois uma decepção pode descortinar um mundo nunca antes esperado, imaginado, mas sempre desejado

Que mundo é esse?
Depende dos seus sonhos, planos, desejos
Se você ainda não encontrou
Fatalmente um dia encontrará...


By Elena Corrêa


terça-feira, 5 de julho de 2011

Tudo Passa


“Não tente fazer do seu momento uma eternidade
Tudo passa
Seja esse instante de alegria ou tristeza
Ele jamais será o mesmo no tempo e no espaço
Por isso o que vale é saber viver o agora, o que está aqui
Não busque um porque, apenas sinta
É a sua chance, é a sua vez
Depois, serão apenas lembranças
Passando...”


By Elena Corrêa

Verdade Interior



“A sua verdade lhe pertence e está dentro de você

Mas cuidado quando resolver dividi-la com alguém 

Talvez a outra pessoa não esteja aberta para captar o real sentido daquilo que você diz

Ao ser exposta, forças contrárias podem tentar deixá-la frágil como o cristal
Um simples toque ou olhar pode até trincá-la, mas nunca quebrá-la

Desavisados poderão querer atribuir a ela cores e sabores
Dizer que pertence ao inverno ou ao verão

Alguns se acharão até no direito de duvidar de sua autenticidade
O importante é você sentir e acreditar que ela existe
Alimentá-la sempre na proteção do seu interior

Observar de longe os que procuram suas verdades lá fora
Aqueles que se deixam enganar por falsos profetas
Fingem não perceber o quanto essa ânsia da busca é desgastante
Enganam-se ao insistir em não ver que isso pode levar a lugares não muito verdadeiros

Não adianta forçar

Cada um só descobre e fica em paz com sua verdade quando consegue encontrar-se consigo mesmo”


By Elena Corrêa


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Vestígios


“Pisei os cascalhos de uma morada desfeita
Foi só quando seus destroços começaram a ferir meus pés que percebi estar descalça

Não me cuidei, não me protegi
No fundo eu sabia que qualquer proteção seria frágil demais diante da solidez de paredes erguidas aos poucos sobre alicerces tão profundos

Mas o tempo não conseguiu destruir tudo
Existe a certeza de que algo não desmoronou
Ainda restam vestígios de um sonho, uma ilusão...

Devo ficar e me agarrar a esses fragmentos? 
Devo tentar reconstruir tudo outra vez?

Olho à minha volta com tristeza
As lembranças estão obscuras

Desconheço o que me motivou a dar início a tudo isso
Os pensamentos se confundem ao tentar buscar razões para chegar até seu fim

Talvez seja melhor esquecer, partir...
Quem sabe tentar uma nova morada”


By Elena Corrêa
 

sábado, 2 de julho de 2011

Cúmplice livre



“Não quero cortar suas asas
Não quero aprisionar seu sorriso
Não quero me apossar de seus pensamentos

Não espero que seu olhar venha apenas em minha direção
Não espero que nos seus espaços exista apenas a minha presença
Não espero ser a única a percorrer seu caminho

É sua liberdade que faz de mim uma pessoa livre
É sua alegria que me faz esquecer o isolamento
É seu silêncio que me faz entender o porquê de estarmos juntos

É no seu olhar que eu encontro o sabor da interrogação
É no seu abraço que eu esqueço todas as inseguranças
É na sua companhia que consigo entender a importância de se ter um aonde ir”



By Elena Corrêa


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Uma Nova Chance



“Vamos arrumar a casa juntos?
O temporal foi forte
Os móveis estão cobertos de pó
E a poeira sufoca

Algumas telhas caíram
E seus destroços machucam
A porta está escancarada, deixando a bagunça à mostra



Vamos cuidar do nosso jardim?
Surgiram formigas que perfuraram pétalas de várias flores
Nasceram ervas daninhas, ameaçando o que cultivamos por tanto tempo
Talvez tenha sido descuido, talvez inexperiência no cultivo
Mas sempre há tempo de buscar novas formas de preservação

Vamos salvar nosso sonho?
Noites difíceis, com alguns pesadelos, devem ser guardadas
Nunca esquecidas, pois aprendemos com elas
Apenas não vamos valoriza-las acima do que realmente merecem
Noites de amor, sim, essas merecem ser exaltadas
Porque foram muito mais fortes, constantes, marcantes

Vamos tentar novamente?” 


By Elena Corrêa

Tanto A Dizer...


“Cidade vazia...
Não te enxergo em nenhuma rua, em nenhum lugar
Nada me desperta a atenção nessa noite deserta 
Só tenho olhos para te ver
Tenho tanto a dizer

Procuro, espero, chamo
E minha busca vai se esvaindo entre quatro paredes
A certeza de que você não está aqui começa a me sufocar
Não quero morrer sem antes falar, murmurar, gritar
Tinha tanto a te dizer

Não há ninguém por perto que possa me ouvir
Multidões também não me interessam
A escuridão começa a me assustar
E o silêncio me engole
Quarto vazio...”


By Elena Corrêa

 

Piedade


“Não adianta tentar fugir

Elas estão sempre ali

À espreita, na sombra

Sorrateiras, soturnas

Sempre muito maquiadas

Penteadas, disfarçadas

Sempre tentando mirar no alvo certo

E sempre dando tiros pela culatra

Sempre tentando emendar estragos

Corrigindo frases mal construídas

Explicando pensamentos mal formulados

Mascarando verdadeiras intenções

Escondendo delas próprias uma insatisfação dilacerante

E por mais que elas não mereçam

É inevitável

Ainda assim conseguimos alimentar um sentimento por elas

Mas dificilmente passará de ser apenas um sentimento de consolo

Nada além do que mera piedade...”



By Elena Corrêa