“Era como se vultos estivessem sempre à espreita
Brotavam do chão, bailavam à sua volta, pairavam sobre sua cabeça
Tinha medo de tudo, até de pensar
Mesmo estando sozinha, achava que seus pensamentos poderiam ser ouvidos
Não pronunciava palavras ou frases que nunca tivessem sido ditas antes
Temia ter que arcar com a responsabilidade de justificar sua autoria
Nas noites frias e solitárias, mergulhava em lembranças
Buscava no passado recuperar sua auto-estima perdida
As madrugadas eram longas
E em cada amanhecer, ao se olhar no espelho, o desespero aumentava
Via refletido em seu rosto o avançar de sinais que deveriam surgir só no futuro
Não buscava culpados ou vítimas
Fazia questão de se revezar nessas duas posições
Era uma forma de adiar qualquer decisão
Definições assustavam, não seriam propícias
Preferia continuar como animal selvagem acuado
Rosnando para tudo e para todos
Sentindo-se sempre na posição de agredido
Reagindo e defendendo-se sem antes procurar saber se era o alvo
A desconfiança foi corroendo aos poucos
Mas esse não foi o maior estrago no que de bom ainda restava
Pior foi quando a insegurança acabou gerando o egocentrismo
E a levou a sentir-se o umbigo do mundo, mas no sentido negativo
Passou a se achar a fonte de inspiração para tudo de amargo que vê
Passou a se achar a fonte de inspiração para tudo de amargo que vê
Para tudo o que os outros fazem, dizem ou escrevem
Como se não existisse mais nada nem ninguém no mundo
Sem perceber, tornou-se vulto de si mesma”
By Elena Corrêa
Temia ter que arcar com a responsabilidade de justificar sua autoria
ResponderExcluirNão buscava culpados ou vítimas
Fazia questão de se revezar nessas duas posições
Essas frases têm uma profundidade que chega a assustar.
São sentimentos e atitudes que realmente assustam, Cris. E as consequências podem ser bem assustadoras também...
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