segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Sim E O Não


“Um dia eu disse Sim

Em outro disse Não

Como invariavelmente acontece, cobraram coerência em minhas posições

‘Como você pode mudar de opinião tão rapidamente?’

Como assim, tão rapidamente?

Eu não falei que o ‘outro dia’ era o seguinte

E se fosse? Qual seria o problema?

Não me deixo acorrentar ao passar das horas para reformular meus conceitos

Já os prisioneiros do tempo usam ao pé da letra o que ouvem

Não arriscam evoluir em suas opiniões

Sabem apenas contestar, argumentar, cobrar dos outros

Perdem-se em suas próprias teorias

Pensam conhecer a liberdade, mas nada sabem de poesia

Diferentemente dos poetas, que já nasceram livres

Pela simples opção, vocação, inspiração, ou seja, o que for

Há a opção entre o recuar e o seguir

Mas há também a certeza daquilo em que se acredita

E é nesta escolha, entre o ficar e seguir, entre o sair ou entrar, que existe a verdadeira liberdade

E haverá sempre a possibilidade de se responder com um Sim ou um Não...”


By Elena Corrêa


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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Perdida na Própria Arte de Convencer


“Ao conhecer aquela pessoa, a primeira sensação foi de admiração
Sua sensibilidade artística precoce era surpreendente
Sua inteligência e bagagem cultural eram indiscutíveis
Mas sua personalidade beirava o limite entre a defesa e o ataque

O que deixava em dúvida se ela seria realmente forte ou apenas confusa

Aos poucos, o tempo foi passando     
E a máscara começando a cair
As cores das tintas do quadro foram se desmerecendo
A tela foi perdendo seu viço

Confusa e sem força, agarrava-se a uma moldura qualquer

Aquela não era uma obra autêntica, nunca tinha sido
Na ânsia por conquistar cada vez mais admiradores
Conseguiu enganar a muitos por muito tempo
Até começar a perder sua própria identidade

O sinal veio junto com réplicas sem assinatura própria

O desespero em impor suas ideologias a jogaram num labirinto
Já não sabe mais a quem agradar
Já não sabe nem mais qual é seu ideal
As lutas passadas misturaram-se a uma carência que ela sempre tentou renegar

Mas que está ali, disfarçada nas cores de uma palheta guardada
Que ela finge esquecer que existe
Para não ter que nunca pintar o seu verdadeiro quadro
Aquele que mostrará sua vida

Tão cheia de razão, tão vazia de amor”  



By Elena Corrêa


 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Cômodo e o Incômodo


“Muitas vezes tem horas em que nada incomoda
A ausência de sol
A chuva que cai
A presença de nuvens
Ou a falta delas

A amiga, ou amigo, que faltou a um encontro
A carência da presença de alguém de confiança
A descoberta da falsidade daquele em quem se confiava
O negócio que não deu certo
Ou não ter arriscado naquele projeto que poderia ter dado

Muitas vezes tem momentos em que tudo incomoda
A ausência de sol
A chuva que cai
A presença de nuvens
Ou a falta delas

O recém conhecido que ficou de ligar e nunca deu notícias
O silêncio que se apresenta como carrasco e não conselheiro
As opiniões que soam como verdades absolutas
As propostas tentadoras que ocultam segundas intenções
A sensação de cegueira por não ter visto uma traição que se mostrava iminente

Passar do cômodo ao incômodo é uma decisão pessoal
Há muitos fatores que levam de uma fase a outra
Muitas vezes tem momentos em que tudo ou nada incomoda
A escolha pode ser, e é, apenas nossa...”


By Elena Corrêa



Ilustração: Escher - Côncavo e Convexo

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O Início, O Fim, O Meio




"No início da tarde, penso no que me levou a chegar até ali
Já que no fim da manhã nada valia mais nada
E eu tentava entender o que tinha me levado até o meio daquela história

Voltei ao início da manhã para entender como tinha sobrevivido até aquele ponto
Que encontros e desencontros teriam feito valer à pena chegar até ali
Aquele começo de noite que deixava no ar uma tarde mal acabada

Pensava em que momento da tarde eu comecei a não ter mais noção do tempo
Em que momento acabei de perder o pôr do sol
Em que momento fiquei no meio do caminho

No meio da madrugada, comecei a entender
O fim da noite estava apenas me despertando
E o começo da manhã era apenas mais uma incógnita

Despertando
De novo..."


By Elena Corrêa


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Buscar Vínculos Sem Amarras


“Onde foi que eu errei na minha escolha?
Qual o exemplo que busquei e não era o ideal?

Não entendia alguns arraigados ao passado
Nem outros, presos ao presente
E muito menos os poucos buscando se atrelar ao futuro

Parecia tão fácil fazer aquela divisão na fronteira cronológica
Principalmente quando feita no relógio alheio
Mas não era, não é, nunca foi, nem será

Há muitos atrelados a um passado que não quer vínculos
Outros presos a um presente que não quer comprometimento
E alguns arraigados a um futuro que nunca existirá

Mas, mesmo assim, a maioria continua sonhando com amarras

Sem querer se prender...



By Elena Corrêa


 

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Doce Amargo Sabor



"E quem nunca esteve diante dele
Ele que sempre se mostrou superior
Dono da verdade e, por isso, soberano

Quem nunca teve medo dele
Ele, do qual eu usufruía sem pressa
Mas, ao mesmo tempo, instigava
Corroía, provocava

E via seu império ir se desmoronando 
Aos poucos, com todos, sem dó

Se eu sofria?
Não, apenas lamentava
Triste ver aquele fim

Pois quem nunca esteve diante dele
Superior, dono da verdade, soberano
Vai continuar sem a chance de sentir um doce amargo sabor
O de instigar, corroer, provocar..."



By Elena Corrêa

 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Questão de Escolha


“Ela veio esperando ler algo que refletisse o que a estava atormentando
Em busca de uma identificação
Não queria se sentir só
Não queria ser a única pessoa sufocada pelo que estava sentindo
Precisava buscar, procurar, correr atrás
De quem dissesse o que não tinha e não tem coragem de dizer
De falar das dores, das traições, das frustrações, das decepções
Ou, simplemente desabafar sobre a falta de expectativa
Desnudar-se sobre tudo que corre no seu íntimo

Mas não tem palavras para descrever
Não há uma voz que faça a sua vez
E não há som que traduza o que se passa no seu íntimo
Porque ela, como cada um de nós, é um ser único
A sua história, os seus sentimentos, as suas sensações
Como as nossas histórias, os nossos sentimentos, as nossas sensações
Tudo é só dela
Tudo é só nosso

Cultive, aprofunde, viva tudo isso
E orgulhe-se disso
Porque ninguém viveu, vive ou viverá o que pertence só à sua trajetória
Sua história é única
Suas perguntas são exclusivas
Suas respostas são inéditas
Orgulhe-se disso

Cada um de nós somos pessoas únicas
Mas, se preferirmos adotar a posição de vítima
Ou cair em jogos sujos e emocionalmente chantagistas
Do tipo:
Ninguém me entende
Ninguém sabe o que passei
Ninguém passou por isso
Ninguém, ninguém, ninguém...

Então...
Ninguém irá nos ouvir
Nem mereceremos atenção
E seguiremos sendo
Apenas mais um ninguém

Ser alguém ou ser ninguém...
A escolha é nossa?

Não, a escolha é minha
A escolha é dela
A escolha é sua...”

By Elena Corrêa
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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Viver Com Delicadeza, Sem Pressa



"Há pessoas que chegam em nossas vidas quando menos esperamos

Num primeiro instante, parecem verdadeiras incógnitas

Pressentimos que não chegaram por acaso

Sentimo-nos envolvidos por palavras, atitudes, olhares
 
No entanto, por já estarmos tão calejados, recuamos

Demoramos um tempo para nos deixar encantar

Mas quando o encantamento chega, a sensação de conquista é plena

Conquista de uma nova amizade, de um novo amor

O sinal vem pela sintonia entre a escolha de um e a do outro

Escolha de saborear calmamente cada gole de vida

Escolha de viver juntos um novo tempo

Apenas o tempo da delicadeza, sem pressa..."




By Elena Corrêa


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sem Arte na Alma



"A vida às vezes parece um convite a eternas vernissages

Cada uma nos atraindo com suas diferentes e nem sempre autênticas obras

Algumas podem ser inteligentes, glamourosas, filosóficas

Talvez com um toque vintage, moderno, contemporâneo

Outras, quem sabe, enfadonhas, pedantes, sem-noção

A escolha de qual visitá-las é nossa

Às vezes acertamos, às vezes não

Depende da visão que emprestamos para tudo

Eu gostaria de me surpreender um pouco mais na galeria de humanos

Ver mais pessoas pularem do imaginário para o real

E não o contrário, como é o que acontece na maioria das vezes

Cansada de esbarrar com quem desistiu da realidade para se disfarçar de figuras abstratas

Parecem tintas coladas em telas que não lhes pertencem

São como fôrmas de esculturas pretensiosas, mas que não passam de réplicas

Criam uma imagem de perfeição e superioridade para exibirem aos outros

No fundo não convencem nem a elas próprias

Que dirá a um merchant

E, sem perceber, tornam-se aberrações delas mesmas

Não, não quero mais assistir a esse tipo de exposição pseudo artística

Dispenso essas pinturas borradas, esculturas deformadas, instalações desinstaladas

Artistas frustrados, pessoas com discursos artísticos mas sem arte na alma"


By Elena Corrêa

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Pronta Para Voar



“Por um momento
Fechei os olhos
E tive a sensação de estar diante de um precipício
 
Senti medo

Ao mesmo tempo, um ímpeto de saltar
Aquele que seria meu maior mergulho estava ali
Diante de mim
 

Mas também veio uma impressão estranha
A de achar tudo raso
Tudo incerto

Precisava decidir
Confiar na minha escolha
Não havia por que ter medo
 
A coragem não me deixaria falhar
Em todos os momentos em que precisei dela
Nunca me faltou

Foi ela que me moveu
Sempre me impulsionou
Até mesmo diante de abismos
 
Graças a ela, estive sempre pronta 
Pronta para voar
E, mais uma vez, eu vou voar...”


By Elena Corrêa


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Soberba


“Cansado de ser perseguido por tudo
Tanto pelo que fazia de certo quanto pelo que fazia de errado
Reuniu forças e deu um basta

Não, ele não era perfeito
Tinha consciência de suas falhas e de seus acertos
Suas qualidades e seus defeitos
Talvez por isso não se ajustasse em certos meios
Meios em que a soberba é o molde que produz muitos iguais
Todos movidos pela mesma ambição desenfreada de atingir o topo

Topo de quê?
Talvez nem eles saibam, querem apenas estar acima de tudo e de todos
O tudo deles é tão vazio
O todo deles é tão solitário
Cospem para cima
E, nas trevas, sobrevivem como vampiros
Engolindo o próprio escarro”


Foto: Reprodução da obra do escultor  Cesare Zocchi
By Elena Corrêa
 

domingo, 9 de outubro de 2011

Autopunição


“Tem horas que bate uma saudade
de quem eu fui e deixei de ser,
por livre arbítrio
De quem gostaria de ter sido e abortei o plano, 
por imposta pressão

Pode parecer uma saudade boba, injustificável
Mas tem horas que ela bate
E acabo deixando entrar

Tem horas que dá uma vontade de chorar
Não por tristeza ou dor
É só uma sensação de que o reservatório de lágrimas atingiu seu limite
Elas estão prestes a transbordar
Elas precisam sair
E eu deixo que saiam

Pode parecer um pranto tolo e inútil
Mas serve para lavar os olhos, lustrar a íris
E, quem sabe, deixar mais clara a visão de tudo

Tem horas que gostaria de voltar no tempo
Para ajustar situações, aparar arestas de relações
Um desejo bobo e solitário de reconciliação que me leva a uma autopunição
Como se tivesse eu sido a única responsável de todas as ações

Nessas horas, o melhor é fechar a porta e deixar a vontade passar
É preciso pensar bem antes de buscar algo ou alguém do passado
Porque esse algo ou esse alguém poderá novamente querer destruir meu presente
E, mais uma vez, ameaçar obstruir meu futuro”


By Elena Corrêa

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Escapes Silenciosos




“Há momentos em que por mais que estejamos rodeados de pessoas
Nos sentimos tão solitários
Mergulhados em nosso silêncio
Alheios a vozes, sussurros ou gritos

Há momentos em que mesmo estando sozinhos
Nos sentimos tão acompanhados
Tagarelamos conosco mesmo em nosso interior
Ouvindo musicalidade em simples ruídos

Como é da natureza humana, estranhamos variações de emoções, sejam de alegria ou de tristeza
E, incapazes de aceitar o indecifrável, buscamos respostas
Corroídos por uma desnecessária curiosidade, queremos saber de onde vem essa sensação

Chegamos a desconfiar de excesso de amor próprio, ou da falta dele
Já que há momentos em que ele vem com tudo, e há outros em que nos abandona
Assim como às vezes acontece com nossa auto-suficiência

Podemos pensar também que esses sentimentos não passam de devaneios 
Ou seria a vida nos escapando, evaporando aos poucos
Perdendo-se por uma palavra, um ato, um som, um respiro...?”



By Elena Corrêa


terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Maioria das Vezes...


"Às vezes
Ou
A maioria das vezes
Valorizamos mais do que deveríamos qualquer problema que enfrentamos

Normal
Afinal, é o nosso problema, de mais ninguém

Mas, às vezes
Ou
A maioria das vezes
O desespero em tentar resolvê-lo imediatamente é tanto que acabamos esquecendo lições que acumulamos ao longo da vida
E que seriam valiosas nesse momento

Os sinais estão sempre aí, presentes
Basta estar atento e saber reconhecer o quanto de força há em nós para superar qualquer obstáculo
Exemplos de superação há muitos
E eles não existem apenas para serem admirados e para nos emocionar
É preciso assumir a iniciativa de segui-los

Se não der para ser sempre, que seja pelo menos às vezes
Ou
Quem sabe?
A maioria das vezes..."


By Elena Corrêa


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Momento de Parar


“Não estava cansado fisicamente, nem emocionalmente
Mas sentia uma necessidade incontrolável de parar

Exatamente ali, naquele ponto do caminho
Talvez a metade ou próximo ao fim do trajeto que o universo planejou para ele

Precisava sentar-se, olhar para trás e, por um momento, reciclar sua própria vivência

O tempo parecia ter começado a passar rápido demais
Ele já não tinha mais noção do quanto suas verdadeiras opções estavam sendo engolidas por uma necessidade de escolha imediata

As exigências programadas deixavam seu olhar confuso ao tentar distinguir nas pessoas suas verdadeiras essências de suas disfarçadas intenções
O tempo parecia ter começado a confundi-lo em todas as direções

Precisava sentar-se, olhar para frente e, sem contar as horas, acreditar em novas experiências

Mesmo que aquele fosse o meio ou o fim do caminho
Estava marcado para ser o ponto crucial de sua trajetória

Não havia como fugir da estranha força que o fazia parar
Porque era ali que ele se revigoraria física e emocionalmente para seguir em frente
Seja lá até onde ela ainda o levasse”


By Elena Corrêa


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Viciados Em Tristeza


“Desculpe
Não tenho muita coisa triste nova para contar...
A grana continua curta?
Continua!
Problemas ainda não foram resolvidos?
Alguns, não!
Governantes persistem em decepcionar?
Invariavelmente!
Novos casos de doenças atingindo pessoas próximas?
Infelizmente!
Decepções com familiares, amigos, colegas?
Normal...

Enfim, o que fazer diante da falta de uma tristeza inédita?
Talvez fugir do lugar comum
Deixar de, consciente ou inconscientemente, alimentar esse derrotismo
Passar a lançar vários e diferentes olhares para um mesmo ângulo
Mas buscando pontos de vista diferentes
Quem sabe, de repente, um olhar distraído e despretensioso não acabe captando algo especial?
Algo que esteve sempre lá, pronto para emprestar força, esperança, alegria
Mas não foi percebido antes
Pois os olhos que passam de relance por ele estão vendados ao belo, ao que impulsiona para a frente, para o alto
Estão acomodados e conformados em ver sempre o lado triste e sombrio de tudo
Nada mais fazem a não ser se martirizarem, sentindo ou não um prazer oculto nisso
E vivem pedindo desculpas, até mesmo pelo fato de existirem”


By Elena Corrêa

 

sábado, 17 de setembro de 2011

A Covardia do Corajoso


“O rei dança, dançamos juntos
O rei canta, cantamos juntos
O rei sorri, sorrimos juntos
O rei chora, choramos juntos
O rei se mostra excêntrico
Soltamos nossos 'bichos', na ilusão de termos os mesmos poderes
O rei começa a ser avacalhado
Damos uma risadinha e saímos discretamente de cena

Mas há alguém, que sempre esteve observando à distância, que permanecerá lá, sem se comprometer
Blindado, ele continuará imune à alcunha de hipócrita

Até o momento em que o rei dá sinais de que tentará e poderá voltar

De longe, o observador sorrateiro espera que seu soberano atinja novamente o auge
Enquanto isso, vai arrebanhando a simpatia dos que, como ele, vivem à margem
Afinal, até um súdito se compraz de ter capachos

Quem será mais covarde ou mais corajoso?
Ele ou nós?”


By Elena Corrêa

 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Decifrar o Certo e o Errado


“Às vezes fico te olhando e me pergunto:
Onde você esteve esse tempo todo em que não estava aqui?
Por que só te encontrei agora?

Quem vai entender o tempo?
Qual será o momento certo ou errado?

Nós somos donos das nossas escolhas
E às vezes nos julgamos donos do tempo
Mas podemos nos enganar em relação a um e a outro
 
Tudo pode dar errado se dermos ouvido apenas aos conselhos de quem só diz agir em função do certo
Assim como alguma coisa pode dar certo se arriscarmos reciclar um ensinamento aparentemente errado
O que é o certo? O que é o errado?
Só o tempo trará o momento da resposta
Caberá a nós entendê-la. Ou não...”



By Elena Corrêa

 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Eu Em Você



“Não sei em que momento comecei a estar em você
 

Também não tenho certeza se sempre estive em mim

Descobrir em você um espaço para mim era tudo que eu esperava
 

Difícil agora é encontrar um espaço em mim longe de você
Mas continuo tentando
 

Sendo eu em você
E buscando você em mim...”


By Elena Corrêa

 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Raios de Luz



“Às vezes os dias parecem sombrios

Por mais que o sol brilhe

São aqueles dias em que esperamos mais do que os outros podem nos dar

Às vezes os dias são reluzentes

Por mais que as nuvens encubram o sol

São aqueles dias em que buscamos dentro de nós o que temos de bom

Mas há quem tenha o privilégio de ter ao lado alguém iluminado

Pronto a emprestar sua própria luminosidade em qualquer tempo

Para esses, bem acompanhados, os dias são sempre ensolarados

Por mais que chova lá fora

E mesmo que uns e outros tentem ofuscar seus raios de luz...”


By Elena Corrêa


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Entre a Emoção e a Razão


“Por um momento, só por um momento, entre muitos outros, eu me vejo cobrando coisas de mim mesma
Como ter a palavra certa naquela situação, aquela mensagem que acalmaria não apenas o meu coração, mas, principalmente, aquele coração que eu ouvia pulsar forte, descompassado, perdido
Tento, procuro, recorro a lembranças de dores vividas, mas ela não veio
Porque a busca por essa palavra vem sempre com a necessidade de atingir um ponto pessoal
Só que, como todas as nossas buscas, escolhas e decisões são individuais
Tem vezes em que nos vemos diante de poucas opções
Ou conservamos nossos braços livres para o momento real do abraço e nossas pernas firmes, sem interromper a trajetória iniciada
Ou agarramos o mundo com braços e pernas para dar segurança a tudo e a todos, e deixamos de caminhar nosso próprio caminho
Diferentemente do que se supõem, razão e emoção à vezes entram em acordo
E sopram recados que nem sempre damos ouvidos...
Mas elas dizem:
Não deixe que a insegurança e os problemas que não são seus engessem suas próprias carências e desejos pessoais
Se alguém te chamar de egoísta, não tenha receio de seguir suas convicções
Tenha receio, sim, de sucumbir às chantagens emocionais e deixar sua própria vida de lado em função das dos outros...
Nunca abra mão de ser dono de sua própria história, como sempre foi
Não force uma bondade aparente que só irá interferir em enredos alheios
Essa tal benevolência só causará estrago na sua história e na do outro
Sejamos leitores fiéis uns dos outros, mas sem perder nossas autonomias”


By Elena Corrêa


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Confidências Sobre o Tempo


“Quando crianças, nos divertimos tentando pegar bolhas de sabão
Pulamos, corremos e damos risadas gostosas a cada esfera reluzente que explode no ar
Quando adolescentes, fazemos descobertas, dividimos segredinhos com a melhor amiga
Ficamos diante do espelho assustadas com a transformação que os hormônios operam em nossos corpos
Anotamos secretamente confidências de amores, geralmente platônicos

Quando jovens, ficamos curiosos e, ao mesmo tempo, receosos de encarar a fase adulta
É quando nos vemos diante do impasse da escolha de qual chave escolher para abrir qual porta para nosso futuro
As dúvidas se vestem de certezas que, por sua vez, disfarçam um turbilhão de questionamentos

É como se a vida pulasse de um brinquedo para outro no parque do tempo
E a cada descida do escorregador, a cada volta dada no carrossel, em todos os ir e vir do balanço, vamos descobrindo que nem tudo é diversão

Num piscar de olhos já somos adultos
Nos vemos novamente correndo, não mais atrás de bolhas de sabão
Agora é para vencer desafios reais e realizar nossos próprios sonhos
Nem sempre conseguimos sorrir nessa corrida
Sabemos apenas que temos que atingi-los antes que se desintegrem no ar como bolhas de sabão

Enquanto o espelho continua lá, sempre o mesmo
Sempre mostrando as transformações em nosso corpo, nosso rosto, nossa pele
Mas o nosso olhar mudou, estamos mais preparadas para as mudanças na imagem refletida
O tempo também se encarregou de nos preparar para ela

Agora, escrevemos calmamente as histórias românticas vividas
Tentando resgatar o gostinho do secreto, das anotações confidenciais
Às vezes nem registramos, guardamos apenas para nós lembranças de amores passados
A necessidade maior é aproveitar cada segundo e viver o que está presente

E nesse desfrutar o que está ao alcance de nossas mãos, deixamos aflorar a criança que nunca deixou de sentir o prazer do vento batendo na face
É quando permitimos que se manifeste aquela adolescente que nunca deixará de fazer descobertas
Nos vemos novamente como jovens adultos curiosos que, de vez em quando, ficam receosos do que virá depois...” 


By Elena Corrêa


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Falsos Poemas


“De madrugada, o silêncio no apartamento é ensurdecedor
Quebrado apenas pelo som frenético do teclar no computador
O desejo é de uma companhia, um amigo, um amor
Mas já passou o tempo de se sonhar em vão
Busca-se urgentemente um interlocutor

Alguém que não use palavras manhosas apenas para acarinhar
Alguém que não busque frases poéticas apenas para conquistar
Alguém que não se exiba num pedestal apenas para barganhar sua admiração

Mas a carência é tamanha que a você só quer se sentir presente
Não importa se quem lê não está realmente traduzindo seus sentimentos
Não importa se estão se aproveitando do seu espaço para falar de si mesmo

Aí, busca-se a diferença entre quem está longe e quem está perto
Questiona-se por que quem está próximo não se aproxima
Mas se reconhece a facilidade de quem se posicionar à distância

É muito cômodo para o outro lançar palavras ao vento
Usar poemas envolventes e sedutores
Que vão se perder, sem provar seu verdadeiro conteúdo
E de nada servirão quando você mais precisar
Porque restará no ar de novo apenas um som, já nem tão frenético
Somente aquele ruído abafado do teclado” 


By Elena Corrêa


domingo, 4 de setembro de 2011

Luz Própria



“No universo sombrio em que se encontrava
Buscou uma fresta qualquer
Um arco-íris imaginário
Uma força que a fizesse se sentir resistente para continuar

Eis que o universo começou a clarear
Mas nuvens escuras surgiram vindo em sua direção
Elas sempre insistem em se aproximar
Sondam, fingindo oferecer falsa guarida

Alguns as acolhem, a opção é pessoal
Há quem goste de ser sombra
Que se esconde sob um manto de falsa proteção
Então, que se mantenha como vulto

Não é a escolha dela, ela quer mais
Está decidida a ser a estrela de sua história
Quer preservar sua luz própria, quer brilhar
E apenas porque quer, ela sabe que vai brilhar!”



By Elena Corrêa


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Todo do Tudo



"Às vezes, do nada, paro a pensar sobre o todo do tudo
Sei que não sou a única a fazer isso
Já se foi o tempo em que achava que era muito original nos meus pensamentos
No fundo, no fundo, somos todos muito parecidos em tudo
Principalmente nos pensamentos...
Mas é tão bom nos sentirmos exclusivos, não é?
Mesmo muitas vezes não sendo
É acreditando nesse direito de exclusividade que de vez em quando nos abrimos sem rodeios
E escancaramos ao mundo certos sentimentos até então timidamente ocultos
Como o quanto gostamos de ser acarinhados, protegidos, admirados
Confessamos o quanto algumas pessoas nos fazem falta
Pessoas que por livre vontade e às vezes até sem intenção deixaram suas marcas nas nossas vidas
São essas que realmente importam e merecem serem lembradas
Não aquelas que quando mais precisamos optaram por ficar à margem, à espreita
Essas, que preferem se esconder, querem ser esquecidas
Nada mais nos resta a não ser satisfazer a sua vontade
Mesmo assim, às vezes me pego pensando...
Será que elas têm consciência dessa escolha?
Ou estarão apenas tentando se proteger do julgamento alheio?
Não sei, não encontro respostas
Também não tenho direito e nem tempo de interferir em suas decisões
Cada um é responsável em recolher as pedras atiradas no seu próprio telhado
E consertar as suas próprias goteiras
Antes que o todo do tudo acabe virando nada"


By Elena Corrêa


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Amizade



“Tenho uma amiga que... talvez duas... talvez três...
Ah, desisto de contar...
Meu coração não se presta ao papel de distribuir senhas
Não por serem inúmeras, mas por ser cada uma importante demais

Como eu estava falando, tenho uma amiga, ou um amigo
E isso já é muito importante
Poder fazer essa afirmação já vale muito
Quantas vezes nos perdemos dizendo que somos sozinhos?

Mas, deixa pra lá
Essa frase é curta demais diante da imensidão dos nossos sentimentos
Das nossas decisões, dos rumos que damos para nossas vidas
E lá vamos nós, certos, confiantes, incertos, inseguros...

Até lembrarmos de novo que... temos um amigo...
Talvez dois... Talvez três...
Ah... nunca contei
Não é agora que vou contar

O que importa é que, como eu falava antes, tenho uma amiga que...
Deixa pra lá... Ela me conhece, sabe o que eu quero dizer
Mesmo que eu não diga palavra alguma
Ela ouve o meu coração”


By Elena Corrêa


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sentidos do Que Virá



“Vejo sinais de escombros, ruínas, pedaços, farelos...
Ouço sinais de escombros, ruínas, pedaços, farelos...
Sinto sinais de escombros, ruínas, pedaços, farelos...
Calo-me sobre sinais de escombros, ruínas, pedaços, farelos...

Não há muito mais a se esperar, a se fazer
A não ser pisotear sobre escombros, ruínas, pedaços, farelos...”



By Elena Corrêa


domingo, 28 de agosto de 2011

Refém de Aplausos



“Por trás de uma postura romântica, eles tentam incutir nos outros sua visão de mundo, centrada neles mesmos

No momento da conquista, descrevem suas fontes de inspiração da mesma forma
Apenas mudam uma palavra aqui, uma vírgula ali, colocam um sinônimo acolá
E se regozijam com os elogios dos admiradores desavisados, verdadeiros capachos

Geralmente vazios de ingredientes, eles distribuem suas receitas de vida
Usam e abusam de expressões plagiadas, copiadas de algum lugar
Do nada, aparecem entendidos de todas as correntes filosóficas
E abusam de palavras pesquisadas no dicionário

Para impressionar, muitas vezes negam a própria origem
Escrevem muito sobre o mesmo, sem nada dizer
Para se mostrarem eruditos, fazem citações de grandes obras
E aguardam os aplausos, o afago dos bajuladores
Quando não é este o retorno que recebem, rebelam-se
Mostram-se crianças birrentas, daquelas que gritam e esperneiam

Mas mesmo desmascarados, ainda assim se acham acima de tudo e de todos
E com toda desfaçatez, não saem de cena
Seguem interpretando, disfarçando a própria carência de qualquer sentido objetivo”


By Elena Corrêa

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

No Retrovisor da Memória





“Fim de semana era sinônimo de viagem de carro em família
No banco de trás, a disputa era sempre a mesma entre as três irmãs:
Quem vai sentar na janela?
Quem vai sentar no meio?
Não importava, cada uma teria sua vantagem
Ou ver a panorâmica lateral, ou ficar no meio, debruçada entre os dois bancos da frente, de olho na estrada que se descortinava
Claro que ficar na janela, apenas admirando a paisagem, podia parecer mais agradável
E nem por isso perdia-se totalmente a visão do que viria mais à frente
Já ficar no meio do banco dava uma proximidade maior dos nossos eternos condutores: nossos pais

Como caçula, acabava quase sempre perdendo a disputa pelas janelas
Mas analisando a cena hoje, às vezes acho que ter ficado no meio me ensinou a estar mais preparada para botar sempre o pé na estrada
Já que encarar a realidade de frente é o que nos fortalece
Pois exige de nós mesmos uma força que acabamos tirando sabe Deus de onde...
E assim seguimos, de vez em quando olhando no retrovisor da memória em busca de lembranças
E a cada nova viagem tentando tirar o melhor de cada lugar que a vida nos oferece”


By Elena Corrêa



(lembrando as viagens que fazia na infância com meus pais e minhas duas irmãs)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sem Preço



“Não quero a liberdade vendida
A liberdade comprada
A liberdade negociada
A liberdade traficada
A liberdade manipulada
A liberdade orquestrada

Só aceito a liberdade batalhada
A liberdade desejada
A liberdade conquistada
A liberdade merecida
Porque ser livre no pensar, no agir, no sentir, não tem preço
Pelo resto, a gente paga”



By Elena Corrêa

sábado, 20 de agosto de 2011

À Sombra


“Na sombra de um arbusto, ela germinou por acaso

Observava silenciosamente seu superior ramificar

Sentia-se acarinhada, totalmente protegida

Acomodada, deixava o tempo passar distraidamente

Até chegar o momento em que uma tristeza estranha a invadiu

Sentia falta da luz do sol, precisava de um pouco mais de calor

Foi quando se deu conta de que estava totalmente encoberta

O arbusto havia crescido e se tornado uma árvore estrondosa

A ideia de proteção que a conquistara, repentinamente desapareceu

Assustada, viu-se invadida pela sensação de estar sendo subjugada

Mas não perdeu a esperança 

Nem culpou a grandiosidade de quem a viu crescer

Reconhece seu valor e seu poder

E, confiando que ainda descobrirá uma força oculta que a libertará
 
Sonha com o dia em que também sentirá os raios de sol aquecendo e iluminando sua vida”


By Elena Corrêa

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Amarras Invisíveis



“Nunca me senti falando com o invisível...
Acredito também na existência daquele que se esconde
E sei que ele me espreita
Ele me ouve, ele me entende

Ele, ou ela, lê o que escrevo

Sei o quanto dói controlar a vontade de responder
Mas se contorce no silêncio
Geralmente escolhe abster-se, opta por se anular
Sufoca a ânsia doida de se manifestar

Segue regras inexistentes
Justifica-se com mentiras
Diz que não pode, não convém

Não se desamarra de amarras visíveis só para si
Finge contentar-se em continuar sendo assim: invisível”


By Elena Corrêa